Título: Polícia acaba com o Ocupe Wall Street
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/2011, Economia, p. B4

Manifestantes de Nova York e de outras cidades foram retirados das praças e presos

Manifestantes do movimento batizado de "Ocupe Wall Street" foram retirados na madrugada de ontem pela polícia de sua base no Zuccotti Park, localizada dentro do distrito financeiro de Nova York. A ação foi considerada o maior golpe contra o movimento, que se espalhou para diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Ao longo de todo o dia, cerca de 200 ativistas do Ocupe Wall Street, iniciado há dois meses, foram presos ao tentar resistir às determinações dos policiais não apenas no parque Zuccotti, que tem o tamanho de um quarteirão, mas em outra praça onde os manifestantes tentaram organizar sem sucesso um novo acampamento. Além deles, no meio da confusão, quatro jornalistas foram presos e depois soltos. A decisão de retirar os ativistas foi tomada pelo prefeito Michael Bloomberg, em acordo coma empresa Brookfield, que é dona do parque em uma parceria público-privada. Segundo eles, o acampamento oferecia riscos de segurança e de saúde para os manifestantes e também para as pessoas que vivem ao redor. "A lei que criou o parque Zuccotti requer a abertura do local para o público desfrutar 24 horas por dia. Mas, desde o início da ocupação, esta lei não tem sido cumprida, porque os manifestantes tomaram conta do parque, tornando este indisponível para o restante da população", disse Bloomberg. "Nova York é a cidade onde todos podem vir e se expressar. Mas não é isso que estava acontecendo no parque Zuccotti. "A partir de agora, de acordo com determinação dos proprietários, os manifestantes poderão permanecer das 6h às 22h na praça e haverá restrições ao barulho. Retorno. Bill Dobs, um dos responsáveis pela comunicação do Ocupe Wall Street, disse que a remoção dos manifestantes foi ilegal. "Nós retomaremos a praça", disse, enquanto aguardava uma decisão judicial sobre a possibilidade de retorno – pedido depois indeferido pela Justiça novaiorquina. Após a remoção dos manifestantes, foi realizada uma operação para limpar o parque. Horas depois, havia apenas policiais na praça, com grades ao redor para impedir o retorno dos manifestantes, que ainda protestavam nas calçadas. Alguns continuavam sendo presos por desrespeitar determinações da polícia. Em outro parque, onde os manifestantes tentaram reerguer o acampamento, membros da tropa de choque foram enviados para evacuá-los. No fim, todos retornaram para o Zuccotti Park, na esperança de poder entrar novamente. Cartazes e gritos de guerra eram direcionados contra Bloomberg pelos cerca de 300 manifestantes – havia número equivalente de jornalistas, policiais e curiosos. Ações similares às de Nova York foram realizadas em Oakland (Califórnia), Atlanta, Portland e Salt Lake City. Na primeira delas, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. A atuação dos policias na cidade foi muito mais violentado que em Manhattan. Os policiais nova-iorquinos, especialmente ontem, evitaram entrar em choque com manifestantes. Amanhã, no aniversário de dois meses dos protestos, os manifestantes pretendem realizar uma espécie de carnaval diante da Bolsa de Valores de Nova York. Em panfletos para anunciar o evento, o Ocupe Wall Street dizia ser impossível desalojar uma ideia. "Somos os 99%. Estamos em todos os lugares."

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