Título: Para apressar transição, leis serão atropeladas
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2011, Internacional, p. A12

Pressão dos mercados e da UE exige que a Espanha ignore leis previstas em sua Constituição

MADRI - A pressão dos mercados e da UE exige que a Espanha ignore leis previstas em sua Constituição e promova uma transição política acelerada. Para tentar frear o contágio da crise da dívida, Bruxelas quer de Madri garantias de que a troca no comando do país será imediata.

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Chema Moya/EfeMariano Rajoy deve montar uma equipe de transição ainda nesta semana

Mariano Rajoy deve montar uma equipe de transição ainda nesta semana para dialogar com o governo e já conseguir anunciar o que planeja para cortar o déficit e atender às exigências da UE. Não descarta nem mesmo a possibilidade de evocar um estado de "emergência nacional" para justificar a ação.

A percepção dentro do Partido Popular (PP) é que os mercados continuarão a punir a Espanha enquanto não houver uma definição das políticas a serem adotadas.

O governo socialista, que sai derrotado, argumenta que não tem como saltar etapas e dar lugar a Rajoy de um dia para o outro. Mas recebeu no fim de semana um duro recado da chanceler alemã Angela Merkel: a Espanha não pode ser representada na cúpula do bloco, no dia 9, apenas por perdedores.

Ontem, Merkel foi a primeira entre os líderes europeus a enviar felicitações para Rajoy. Na mesma mensagem reiterou a importância da celeridade nas medidas para conter a crise econômica.

A Espanha não vive sozinha esse fenômeno. Há duas semanas, o governo do grego George Papandreou teve de renunciar e dar o poder ao tecnocrata Lucas Papademos sem eleições.

Há uma semana, foi a vez da Itália derrubar e apontar um outro governo, também sem eleições. Silvio Berlusconi, sem conseguir aprovar as reformas que havia prometido, deu lugar a Mario Monti.

Em um processo que durou apenas um fim de semana, as instituições italianas aceleraram consultas e estabeleceram um governo formado por ex-banqueiros, acadêmicos e ex-funcionários da UE. A população se limitou a festejar a queda de Berlusconi.