Título: Milícia ataca sede do partido de Assad na Síria
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2011, Internacional, p. A13

Grupo integrado por desertores afirma ter utilizado granadas em rara ofensiva na capital síria, Damasco

Moradores de Damasco acordaram ontem com o som de explosões, pouco antes do amanhecer. O Exército Sírio Livre, milícia composta por desertores que tenta derrubar o regime de Bashar Assad, afirmou ter atacado a sede do partido governista do país com lançadores de granadas, levando para a capital do país a violência que tomou conta de diversas cidades sírias desde março.

Aparentemente, o ataque contra as instalações do Partido Baath não causaram danos estruturais ou mortes. Mas, se confirmado, marcará uma mudança significativa no conflito que há oito meses tenta depor Assad. Até agora, Damasco permaneceu relativamente livre dos confrontos.

Testemunhas relataram à Associated Press ter escutado pelo menos duas fortes explosões. O Ministério das Relações Exteriores sírio, porém, negou o ataque e a TV oficial do país mostrou a sede do partido intacta.

O governo sírio impõe severas restrições ao trabalho de jornalistas, tornando quase impossível a confirmação independente de informações.

Em entrevista publicada ontem pelo jornal britânico The Sunday Times, Assad afirmou que continuará com a repressão contra os insurgentes. "A única solução é buscar as pessoas armadas, expulsar os grupos armados, impedir a entrada de armas e munições a partir de países vizinhos, impedir a sabotagem e fazer respeitar a lei e a ordem. O conflito continuará e a pressão para submeter a Síria continuará. A Síria não se inclinará."

Ainda ontem, a Liga Árabe rejeitou as mudanças propostas por Assad nos planos para a missão de observação da entidade que tinha a intenção de pôr em prática uma transição pacífica no país. Segundo a organização, o autocrata impôs "condições impossíveis". Assad acusou a liga - que havia dado um ultimato para que a violência na Síria acabasse até ontem - de usar a missão para criar um pretexto para uma intervenção militar ocidental que causaria um "terremoto" na região. / AP, REUTERS e AFP