Título: Mercado já vê PIB em 3,16% no ano
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2011, Economia, p. B1
Analistas reduziram previsão para o crescimento da economia pela 6ª vez seguida; projeção para a inflação, porém, é ficar dentro da meta
A economia avança cada vez mais devagar e o mercado reforça a aposta de que o Brasil vai crescer em 2011 menos da metade do ano passado. Pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central mostra que a previsão dos analistas para a expansão do País neste ano caiu de 3,20% para 3,16%, na sexta redução seguida. Em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 7,50%.
A recente piora das previsões é resultado dos sinais de que o Brasil sente cada vez mais os efeitos da crise. "A economia brasileira está desacelerando mais do que o esperado, e esse enfraquecimento deve se estender até o início de 2012", avalia a pesquisa macroeconômica mensal do Itaú. Entre os indicadores que reforçam a percepção, está o elevado nível de estoques, fato que reduz a demanda e a força da produção industrial.
Esse movimento é explicado pelo efeito da alta do juro básico no primeiro semestre e a menor demanda externa. O quadro levou o Itaú a ficar mais pessimista que o resto do mercado, e o banco cortou a previsão de crescimento do PIB de 3,2% para 3% em 2011. Alguns analistas já trabalham até com a hipótese de que a economia brasileira pode ter desempenho negativo - ou seja, retração - no último trimestre do ano.
Para 2012, o Itaú também reduziu a expectativa de expansão de 3,70% para 3,50%, patamar idêntico ao visto na pesquisa do BC.
Medidas como a anunciada na sexta-feira pelo Banco Central - que favorece a oferta de crédito de até 60 meses - têm como objetivo amenizar os efeitos da crise. O principal plano do governo é manter a economia interna aquecida e, assim, sentir menos a turbulência.
Inflação. A economia mais lenta, porém, tem um efeito positivo: com a menor demanda, preços tendem a subir menos. Por isso, o mercado voltou a trabalhar com a hipótese de que a inflação deve ficar dentro da meta em 2011. A previsão para o IPCA neste ano caiu de 6,50% para 6,48%. Com a retração, o número volta a ficar dentro dos limites aceitáveis, após seis semanas em que a estimativa estava ou no teto da meta - de 6,50% - ou um pouco acima desse patamar máximo.
O reflexo positivo também avança em 2012 e a previsão para a inflação caiu ligeiramente pela quarta semana seguida, de 5,57% para 5,56%.
A inflação mais baixa abre espaço para cortes mais fortes do juro, para incentivar a economia. Além de apostar na redução de 0,50 ponto porcentual na reunião de 30 de novembro do Copom, o mercado dobrou a previsão do corte em 2012.
Até a semana passada, prevalecia expectativa de que o BC cortaria 0,50 ponto no próximo ano. Agora, a previsão é de redução de 1 ponto. Se confirmada, a taxa cairia para 10% em 2012. O Itaú é ainda mais ousado e já trabalha com juro de um dígito. "Acreditamos que o BC levará a Selic a 9%, em vista da atual fraqueza no crescimento."