Título: Banco do Brasil reduz juros de financiamentos
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2011, Economia, p. B3

Medida anunciada ontem surge menos de 72 horas depois de o Banco Central anunciar medidas para facilitar a concessão de empréstimos

Menos de 72 horas após o Banco Central anunciar medidas para facilitar concessão de empréstimos, o Banco do Brasil seguiu a determinação do governo à risca e reduziu o juro de diversas linhas de financiamento. A intenção do Palácio do Planalto é usar o crédito como uma das alavancas do crescimento e, assim, minimizar os efeitos da crise externa.

O vice-presidente de negócios de varejo do BB, Paulo Rogério Caffarelli, reconheceu que o objetivo do banco é "contribuir com o aquecimento da economia", como quer a presidente Dilma Rousseff.

Com o anúncio feito ontem, o BB repete o receituário da crise de 2008 e 2009 e começa oficialmente a executar uma estratégia contra os efeitos da crise internacional. Há quase três anos, a instituição e também a Caixa Econômica Federal passaram a oferecer crédito para consumo no varejo, imóveis e veículos com o objetivo de evitar demissões nas fábricas, canteiros e obras e montadoras. O BNDES também ofereceu mais dinheiro para investimentos.

Caffarelli admite que a medida anunciada ontem está alinhada com a estratégia do governo, mas lembra que esse mesmo governo é o principal acionista do banco. "Em um momento como esse, de uma forma bastante consciente, diria que o BB trabalha em um processo anticíclico por seu papel e sua característica de banco público", disse.

Para o executivo, faz parte do papel da instituição trabalhar junto com o governo. "Há muito tempo, nós, o BB, sabemos conviver com essa dictomia entre ser um banco público e privado. Nosso principal acionista é o Tesouro Nacional, com 68% das ações, mas ao mesmo tempo concorremos com os privados".

Crédito consignado. Na média, o juro mensal caiu entre 0,20 ponto e 0,50 ponto nas várias operações beneficiadas pela medida anunciada ontem. No crédito consignado para servidores federais, por exemplo, a taxa recuou de 2,50% para 2,17/% mensais. No consignado, Há expectativa de que muitos clientes refinanciem dívidas atuais com juros menores que os contratados originalmente, o que permitirá aumentar o empréstimo ou mesmo reduzir o pagamento mensal.

Outro segmento beneficiado será o de veículos. Caffarelli destacou que a medida deve ajudar a subsidiária Votorantim, que atua fortemente nesse segmento. "Sem sombra de dúvidas, as medidas ajudam o Votorantim a retomar capacidade de financiamento especialmente em novembro e dezembro, meses extremamente favoráveis para compra de carro", disse.

Anunciada na sexta-feira, a medida do BC reduz a exigência de capital que bancos precisam manter para realizar empréstimos de até 60 meses. Como o efeito da medida é retroativo, com o mesmo capital existente o BB passa a ter maior capacidade de financiamento aos clientes.

Estímulo

0,20 a 0,50 ponto foi o recuo do juro mensal nas várias operações de crédito

2,17% é a nova taxa do consignado.