Título: Cabral diz que perda de receita deve afetar os investimentos
Autor: Rodrigues, Alexandre ; Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2011, Economia, p. B12

Sob o sol forte, clima da passeata era de carnaval, com oito carros de som que alternavam samba, funk e palavras de ordem

Ao chegar ao ato público às 17h, o governador Sérgio Cabral Filho reafirmou que a perda das receitas com royalties prejudica os investimentos em segurança e na preparação para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Repetiu ainda que não terá como pagar aposentados e pensionistas, que custam "R$ 10 bilhões por ano".

O governador estava acompanhado do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), do vice-governador Luiz Fernando Pezão, dos senadores Lindbergh Farias (PT) e Marcelo Crivella (PRB) e do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.

Apesar do tom grave do governador, o clima da passeata era de festa. Sob o sol forte, os manifestantes seguiram oito carros de som que alternavam samba, funk, gospel e palavras de ordem. Cabral, Lindbergh e Paes seguiram pela Rio Branco na carroceria de uma picape, enquanto Nuzman e o presidente do Tribunal de Justiça, Manoel Rabelo, no chão, foram rodeados por sete seguranças de braços entrelaçados, em um aparato que destoava do caráter pacífico do ato.

O objetivo da manifestação era impedir que a Câmara dos Deputados ratifique a redistribuição de royalties e participações especiais da produção de petróleo aprovada no Senado. Mas, poucos pareciam conhecer em detalhes a que se destinava o ato. Muitos se refrescavam com cerveja vendida em embalagem grande que os camelôs anunciavam como "o latão do petróleo".

Na chegada à Cinelândia, o "espaço vip", reservado para autoridades e artistas, foi invadido pela multidão. Com o tumulto, vários políticos foram empurrados. O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) chegou a cair no chão e foi amparado por seguranças. Um alambrado de ferro caiu sobre manifestantes. Tentavam escapar da confusão os deputados federais Jandira Feghali (PC do B), Benedita da Silva (PT), Eduardo Cunha (PMDB) e Stepan Nercessian (PPS).

Dentre os manifestantes também havia descontentes com o ato, como jovens que usavam narizes de plástico vermelho e classificavam a manifestação de "palhaçada". / A. R. e S. T.