Título: Pré-natal não impede morte de filha de jovem de 18 anos
Autor: Leal, Luciana Nune
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/11/2011, Vida, p. A26

Segundo a coordenadora de Saúde da Criança de Manaus, apenas 45% das mães fazem mais que o mínimo de 7 consultas

Emanuelle nunca foi para casa com a mãe, mas está na foto do porta-retrato da sala. Ela morreu em março do ano passado, 17 dias depois de nascer com um problema dito pelos médicos como "gástrico" à mãe Ketleen Silva Oliveira, de 18 anos.

"Eu fiz o pré-natal, fui quase todo mês, às vezes mais de uma vez, mas nem parto natural consegui ter. Foi cesárea e minha filha foi direto para uma UTI", conta a jovem.

Segundo Ketleen, a bebezinha chegou a mamar apenas cinco vezes. "Quando ela morreu, eu ainda doei leite, porque tinha muito", relata.

A jovem mãe disse que foi explicado a ela pelos médicos que a sua filha não tinha os órgãos "bem formados". "Só não entendi como isso é possível, já que ela nasceu uma semana antes dos nove meses de gestação, não era prematura."

Série histórica. Segundo a coordenadora de Saúde da Criança de Manaus, Elena Marta Amaral dos Santos, os dados do IBGE só poderiam ser levados em conta quando comparados com outros anos. "Nos últimos três anos, pelos dados oficiais de morte de crianças de até 1 ano por mil nascidos vivos, os números de Manaus são decrescentes, e todos são provados por atestados de óbito, porque sem ele não se enterra", conta.

Segundo a secretária, os números de morte de bebês de até 1 ano têm decrescido por várias iniciativas. "Uma delas é uma busca ativa das mães para fazer um pré-natal. O ideal é no mínimo sete consultas, mas vimos com uma pesquisa que só 45% das mães, principalmente por desinformação, fazem acima de sete. Algumas não fazem nunca", afirma. / LIÈGE ALBUQUERQUE