Título: Perfil de empréstimos é diferente, dizem bancos
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2011, Economia, p. B3

Banco do Brasil, Caixa e BNDES alegam que provisão contra calotes está em nível "confortável" e à altura do tipo de financiamento de cada banco

Os bancos públicos argumentam que o perfil dos empréstimos realizados por essas instituições é diferente do observado nos concorrentes privados.

Por isso, explicam, a provisão dessas casas pode ser, proporcionalmente, menor que nos particulares. As instituições afirmam que têm monitorado os calotes e, se preciso, estão prontas para reagir.

Por enquanto, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) dizem que a provisão está em nível "confortável".

O diretor de crédito do Banco do Brasil, Walter Malieni, diz que é preciso observar a carteira de cada banco para relativizar o nível de provisão. Cada operação, explica, gera necessidade diferente de reserva contra eventual inadimplência.

"Enquanto empréstimos mais curtos podem exigir mais, operações longas requerem menos. Além disso, a provisão para financiamento de veículo é diferente de um consignado", diz. Malieni argumenta que, no caso do Banco do Brasil, o banco é beneficiado por ser forte em empréstimos considerados seguros, como o consignado.

Além disso, o executivo do BB observa que houve nos últimos meses alguma elevação da inadimplência em linhas em que os privados são fortes, como financiamento de veículos, o que pode ter provocado a necessidade de mais provisão nessas casas.

Na Caixa, o diretor executivo de controladoria, Emílio Ângelo Carmignan, diz que o banco tem elevado as provisões em ritmo compatível com os empréstimos. Em agosto, por exemplo, os financiamentos cresceram 4,3% e as provisões, 4,2%. "O nosso volume de provisão oscila conforme a carteira."

A inadimplência da Caixa tem permanecido perto de 2% desde o fim do ano passado, abaixo da média de 3,5% do mercado. "Esse é um tema que temos olhado com lupa para definir se vamos ou não aumentar o nível de provisão. Até o momento, não há nenhum fato novo para constituirmos valor adicional."

No BNDES, prevalece o entendimento de que a situação atual não gera "preocupação relevante" com a inadimplência. Por isso, a o tema é encarado com "normalidade e tranquilidade" no banco.

Um dos argumentos é que o banco é bastante focado em projetos de grandes empresas, clientes com menor risco. Além disso, financiamentos oferecidos aos pequenos e médios empresários são feitos via bancos "repassadores". Nessas operações, o risco de calote fica com a instituição financeira parceira.

No primeiro semestre, o balanço do BNDES registrou recuperação de créditos de R$ 470 milhões, o que ajudou a reduzir o total de provisão do banco em quase R$ 1 bilhão em seis meses.

A melhora foi possível graças à queda da inadimplência, que passou de 0,15% em dezembro de 2010 para 0,12% em junho. Por suas características distintas, o banco de fomento tem calote bem menor que o restante do mercado.