Título: Crise europeia põe em risco bancos dos EUA, diz Fitch
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2011, Economia, p. B14

Alerta da agência é feito no mesmo dia em que Obama diz que 'falta vontade política' para resolver o problema da dívida na UE

A agência de classificação de risco Fitch disse que os bancos americanos têm uma exposição direta administrável aos mercados europeus estressados (Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha), mas existe um risco sério de mais contágio. Em relatório, a Fitch diz acreditar que, a não ser que a crise da dívida da zona do euro seja resolvida de modo ordeiro e oportuno, a perspectiva de crédito do setor bancário dos EUA poderá piorar.

A Fitch atribui aos bancos americanos uma perspectiva de rating estável, refletindo melhora nos fundamentos da maioria das instituições, numa situação de ratings mais baixos do que antes da crise financeira de 2008. A agência adverte, porém, que os riscos de um choque negativo estão crescendo e poderão mudar aquela perspectiva.

Em comunicado, a agência observa que "os bancos americanos reduziram consideravelmente a exposição direta aos mercados estressados da Europa ao longo do último ano. As exposições diretas parecem administráveis no contexto da posição de capital dos bancos e de seus diversos fluxos de ganhos. A disseminação pública das exposições diretas melhorou recentemente, em geral, mas varia de banco para banco".

Obama. Ainda ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, falou sobre sua preocupação com a crise da zona do euro. Ele culpou a falta de vontade política e afirmou que a instabilidade nos mercados persistiria até que a Europa tivesse um plano concreto para lidar com os problemas de dívida.

Obama elogiou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, além da Grécia e da Itália pelas iniciativas para formar governos de coalizão e implementar reformas, mas foi crítico à Europa no sentido mais amplo. "O problema no momento é um problema de vontade política. Não é um problema técnico", disse Obama ao lado da premiê australiana, Julia Gillard, em Camberra .

Os comentários de Obama, alguns dos mais ásperos até o momento, se juntaram às vozes de vários políticos não europeus que pedem mais medidas para enfrentar a crise. Ele fez as declarações depois que os mercados de ações caíram em resposta à grande venda de títulos na zona do euro. "Até estabelecermos um plano concreto e uma estrutura que envie aos mercados uma mensagem clara de que a Europa está apoiando o euro e fará o que for necessário, continuaremos a ver os tipos de tumulto no mercado que temos visto." / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS