Título: Crise no Egito ressalta limitações da diplomacia americana
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2011, Internacinal, p. A8

Obama tem enfrentado dificuldades equilibrar o apoio às mudanças democráticas

CAIRO - Os confrontos entre manifestantes e militares ocorridos no Cairo no fim de semana evidenciaram a complexa situação política que define a Primavera Árabe para os EUA. O governo Barack Obama tem enfrentado dificuldades para achar o equilíbrio entre o apoio às mudanças democráticas, o anseio pela estabilidade e a suspeita sobre os radicais islâmicos, que se tornaram uma poderosa força na região.

Khalil Hamra/APConfrontos no Cairo evidenciaram a complexa situação política que define a Primavera Árabe

Os últimos confrontos na Praça Tahrir assemelham-se aos dias decisivos de fevereiro, quando Hosni Mubarak foi deposto. Mas foram vistos como as primeiras escaramuças daquilo que deve ser uma longa e caótica luta pelo poder, cujo resultado é incerto e apresenta grandes desafios para Washington.

A preocupação imediata é a de que os protestos fujam do controle e sejam alvo de uma repressão militar que coloque em risco as primeiras eleições parlamentares desde a queda de Mubarak, marcadas para segunda-feira.

"Essa violência deve ser motivo de grande preocupação para Washington", disse o diretor executivo do Projeto pela Democracia no Oriente Médio, Stephen McInerney. "As pessoas na Praça Tahrir acreditam que o governo americano apoia o Conselho Supremo das Forças Armadas."

O resultado do caos político no Egito, o país mais populoso do mundo árabe, é de grande importância para os EUA. Será estabelecido um precedente para Estados menores da região, que determinará se o tipo de islamismo pregado pela Irmandade Muçulmana é compatível com a democracia e será decisivo para o futuro das relações com Israel.

No longo prazo, existe a preocupação de que a Irmandade possa acabar revelando a própria ameaça aos valores democráticos e aos direitos das minorias ao impor um regime religioso conservador no país. Brian Katulis, do Centro para o Progresso Americano, disse que o governo tem buscado ativamente canais de comunicação com o grupo para manter o diálogo aberto e encorajar seus líderes a mostrar respeito pelos direitos humanos.

Alerta. Mesmo antes dos confrontos de domingo, o governo Obama tinha começado a advertir publicamente os comandantes militares egípcios - há muito aliados dos EUA - de que eles não poderiam manter o poder.

"Se, com o tempo, a mais poderosa força política no Egito continuar a ser uma sala cheia de oficiais não eleitos, eles terão plantado as sementes de levantes futuros, e os egípcios terão desperdiçado uma oportunidade histórica", disse este mês a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Essa mensagem pode ter sido enfatizada pela extraordinária demonstração de força promovida na sexta-feira pela Irmandade Muçulmana, que exigiu o fim do governo militar, e pela mistura de radicais islâmicos e liberais que enfrentou a polícia.

Paul J. Sullivan, da Universidade Georgetown que estuda o Exército egípcio, disse que oficiais de alto escalão acompanham alarmados a estridente concorrência política atual, que inclui a Irmandade Muçulmana, religiosos mais conservadores conhecidos como salafistas, e os liberais seculares de diferentes tendências. "O Exército teme o caos", disse. "Eles enxergam um barco com 15 pessoas lutando pelo controle do timão."

Para o analista, as relações entre Washington e os generais egípcios dão aos EUA um grande poder de influência, mas Obama deve evitar agir abertamente para não irritar os manifestantes da Praça Tahrir. / NYT

Comentários Comente também Eleições no Egito 2011 (#eleicoesEgito) 41 comentários

seguirEros José Alonso Comentado em: Parciais de eleições egípcias começam a ser divulgadas nesta quarta-feira

29 de Novembro de 2011 | 15h16 Onde estão os quawse 60-0bilhõe sde dólares da Líbia? Sumiu? vasi srvir para ajudar a Europa quebrada? Quem manda na Líbia? Enquanto isso, sem governo, terra de ninguém, o Ociedente chupa como vampiro o petróleo do país destruído.E agora a Otan está construíndo uma base na Lìbia. e tem gente querendo que o Brasil faça coro com os EUA contra a Síria.Mas e os reinadinhos árabes sanguinários?As eleições no Egito continuarão a farsa enquanto os militares estiverem realmente no Poder. Responder | Denunciar seguirEros José Alonso Comentado em: Premiê eleito pela junta militar aceita formar governo civil no Egito

25 de Novembro de 2011 | 16h10 Wilson Salgado,até então pensava que vc apenas incomodava colocando um problema pessoal seu nestas páginas.Agora, lendo seu comentário em que vc afirma que a referida empresa MET LIFE entrou em contato falando em Ética com vc, e que o assunto deve ser decidido na esfera judicial e assim não ficar público, para não denegrir a empresa,peço desculpa pelo pensamento errôneo.Toda vez que a Justiça ficar demorando para dar uma decisão favorável ao cidadão e contra empresas e governos,o assunto deve ficar público mesmo.Seis anos Salgado e nada?Seu assunto me fez lembrar o mecânico Marcos, 63 anos, que faleceu dormindo, muito doente, horas depois de saber que finalmente, havia ganho a causa contra o Governo de Pernambuco, que mesmo tendo comprovação da prisão ilegal de Marcos, hoje o maior erro judicial do país,recorreu por anos a fio para não pagar a Indenização.Marcos morreu quando recebeu a segunda parcela, dinheiro que não vai usar. Ficará para a família, até mesmo para a família que o abandonou na desgraça. Mas Marcos está livre,finalmente livre da Justiça do Brasil.Sua Indenização de 2 milhões não pagam 19 anos de prisão ilegal,nem a Tuberculose e a cegueira que contraiu na prisão. Responder | Denunciar seguirEros José Alonso Comentado em: Premiê eleito pela junta militar aceita formar governo civil no Egito

25 de Novembro de 2011 | 15h49 Interessante. A grande Imprensa tenta canalizar os protestos para possíveis lideranças de interese do Mercado Financeiro. Os jovens explodiram em protestos no mundo inteiro, particularmente nos países árabes e islâmicos e na Europa. O movimento dos Indignados foi criado e começou na Espanha, se espalhando pela Europa e somente depois chegando aos EUA. Agora,vejo veículos da Imprensa apontando que os jovens americanos criaram e lideram o movimento dos Indignados.No Egito, vejo a mesma Imprensa apontar que o grande líder Baradei se juntou à praça dos protestos no centro de Cairo. É o homem do Ocidente entre os opositores. Os EUA adorariam que ele fosse o presidente do país. É mais um que serviu de lacaio e pode ser um bom títere. Mas Badarei não apita nada.Podem dar o Prêmio Nobel da Paz, hoje uma farsa descarada com uso político do prêmio a serviço do Mercado Financeiro, que ele continuará sem ter relevância no Egito, que já tem suas novas e jovens lideranças prontas assumir o Poder. O novo Egito quer rever o Acordo de Camping David. O Egito nunca aceitou esse acordo imposto pelos títeres dos EUA. A postura do Egito com realação à Síria, imposta pela Junta Militar, não é legítima. Responder | Denunciar ler todos os comentários