Título: EUA e aliados impõem novas sanções ao Irã
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2011, Internacional, p. A15

Dezenas de entidades dos sistemas petrolífero e financeiro serão alvo da punição unilateral

NOVA YORK - Sem acordo no Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos, em coordenação com Grã-Bretanha, França e Canadá, impuseram uma nova rodada de sanções ao Irã. O objetivo dos países é impedir o regime iraniano de conseguir desenvolver uma arma nuclear.

Hyungwon Kang/ReutersEstados Unidos impuseram uma nova rodada de sanções ao IrãVeja também: NA ÍNTEGRA: O relatório da AIEA (em inglês) Brasil tende a rejeitar adoção de novas sanções ESPECIAL: Tambores de guerra no Oriente Médio ESPECIAL: O programa nuclear do Irã HOTSITE: A tensão entre Israel e o Irã

Dezenas de entidades dos sistemas financeiro e petrolífero iranianos, além da Guarda Revolucionária, serão alvo das medidas dos EUA. Autoridades da Casa Branca indicaram que o Irã passará a ser considerado como "zona de lavagem de dinheiro", com base em uma lei antiterror de 2001.

Por meio dessa qualificação, os EUA poderão impor retaliações a empresas que negociarem com o regime iraniano. Por enquanto, o governo de Barack Obama descarta a inclusão do Banco Central do Irã nas sanções, pois a medida poderia provocar uma elevação imediata do preço do petróleo em um momento em que a economia americana luta para voltar a crescer e a União Europeia enfrenta uma de suas piores crises. Obama disse ontem que "o Irã escolheu o caminho do isolamento internacional".

A decisão de adotar novas sanções deve-se ao novo cenário envolvendo o Irã. Há duas semanas, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) publicou relatório indicando que o regime de Teerã trabalha para desenvolver armas atômicas. Na semana passada, a entidade censurou o Irã por não tentar esclarecer pontos de seu programa que teriam fins militares.

Além de pressionar ainda mais o Irã, os EUA e seus aliados buscam mostrar a Israel que a comunidade internacional tem agido para impedir o regime de Teerã de desenvolver uma bomba atômica. No início do mês, antes da divulgação do relatório da AIEA, a imprensa de Israel divulgou informações de que o premiê Binyamin Netanyahu planeja um ataque preventivo contra instalações nucleares iranianas.

Em Londres, o governo britânico também determinou o corte de todas as transações financeiras com o Irã, incluindo com o Banco Central, indo ainda além dos americanos. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, recomendou o congelamento de todos os bens do Banco Central do Irã e um embargo ao petróleo iraniano. O Irã insiste que seu programa nuclear tem finalidades civis.

No Conselho de Segurança, a Rússia e a China, que possuem poder de veto, mantêm-se relutantes em apoiar uma nova resolução. O Irã é o terceiro maior exportador de petróleo para a China e as vendas cresceram 50% neste ano. Moscou também mantém boas relações comerciais com Teerã.