Título: Presidente da Febraban, Portugal pode comandar também o FGC
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2011, Economia, p. B10

Fundo Garantidor de Créditos é a entidade que protege os depósitos dos correntistas em caso de quebra de alguma instituição financeira

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) pode ter novo comando a partir de abril. O "Estado" apurou que o atual presidente da instituição, o advogado Gabriel Jorge Ferreira, pode ceder o lugar para o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal.

Criado em 1995 com objetivo de garantir o depósito dos correntistas de bancos até um determinado limite (em caso de falência), o FGC vem assumindo papel preponderante no socorro a instituições financeiras com problemas no País. Foi o FGC, por exemplo, que evitou a quebra do Panamericano, após a descoberta de uma fraude contábil que deixou um buraco de R$ 4,3 bilhões na instituição que pertencia a Silvio Santos.

Com patrimônio atual de aproximadamente R$ 25 bilhões, o FGC tem emprestado recursos a bancos com dificuldades. Algumas instituições de pequeno e médio porte vêm recorrendo a linhas oferecidas pelo Fundo Garantidor por causa da redução da liquidez no mercado bancário, em decorrência (1) da crise global que estourou em 2008 e (2) da crise de confiança criada com as fraudes do Panamericano.

Antes do caso Panamericano, bancos grandes adquiriam com frequência carteiras de crédito dos menores. No entanto, as fraudes do banco foram concentradas justamente na contabilização dessas carteiras. Daí a cautela adicional dos grandes.

Gabriel Ferreira, que hoje tem 76 anos, é um executivo de sucesso e altamente respeitado no sistema financeiro. Entre outros cargos, já foi vice-presidente do Unibanco e presidente da Febraban. Desde 2002, comanda o FGC. Procurado pela reportagem, o Fundo Garantidor informou que uma troca na presidência "não está na pauta".

O Estado apurou que, recentemente, o próprio Ferreira teria lembrado alguns colegas que não tem mais cargo em banco - uma das condições necessárias para liderar o FGC. Por isso, teria observado que alguma mudança poderia ocorrer em abril de 2012, quando se realizará a assembleia anual do Fundo Garantidor.

Além de Gabriel Ferreira, o Conselho de Administração do FGC é composto por executivos do Banco do Brasil (Alexandre Corrêa de Abreu), do Santander (José Berenguer), do Itaú Unibanco (Marcos Lisboa) e do Bradesco (Julio de Siqueira Carvalho de Araújo).

Profissionalização. A possível substituição de Ferreira por Murilo Portugal obedeceria ao mesmo princípio que levou os banqueiros a alterar o sistema de comando da própria Febraban. A presidência da entidade era determinada por meio de um rodízio, que incluía altos executivos das maiores instituições do País.

No entanto, com o agigantamento dos grandes bancos nos últimos anos, a agenda desses executivos ficou cada concorrida - e ocupada majoritariamente com compromissos das próprias instituições. Portugal é formado em Direito, mas tem pós graduação em economia. Entre 2006 e parte de 2010, ocupou o cargo de subdiretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI). Procurado, ele não se pronunciou.