Título: Com crise na Europa, grandes grupos buscam crédito nos bancos nacionais
Autor: Silvia Júnior, Altamiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2011, Economia/2, p. B7

As grandes empresas voltaram a tomar crédito nos bancos nacionais. Com a crise na Europa, que encareceu a captação de recursos no exterior e fechou o mercado de ações no Brasil, a procura por financiamento bancário aumentou. As linhas para grandes empresas foram as que mais cresceram dentro da carteira de empréstimos dos bancos no terceiro trimestre.

Para os próximos meses, a expectativa é que essas linhas continuem aquecidas, uma vez que a volatilidade no mercado financeiro deve continuar elevada. Na quinta-feira, a Caixa Econômica Federal anunciou ter reservado, somente para novembro e dezembro, R$ 10 bilhões para emprestar às empresas em linhas de financiamento de capital de giro e realização de investimentos.

Nos grandes bancos, sem exceção, houve um aumento expressivo do crédito para grandes companhias nos últimos meses. No Itaú, a expansão foi de 24% na comparação do terceiro trimestre com o mesmo período do ano passado, acima dos 21% da carteira total de crédito. No Bradesco, a carteira aumentou 27%, o dobro da pessoa física. No Banco do Brasil, enquanto a carteira de pequena empresa cresceu 16%, a de grandes corporações se expandiu em 24%.

"Os financiamentos para grandes e médias empresas devem seguir aquecidos", destaca Alfredo Egydio Setubal, diretor de relações com investidores do Itaú Unibanco. O executivo avalia que o fato de o mercado internacional estar mais volátil leva essas empresas a usarem mais o crédito local. Há ainda o fato de as empresas estarem precisando de recursos em um momento no qual o mercado de capitais local está desaquecido. As emissões de ações pararam e não devem ocorrer novas ofertas este ano, segundo o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto.

Prêmio. Com a piora da situação na Itália, a aversão ao risco voltou a subir e os investidores seguem pedindo prêmios elevados para comprar bônus corporativos. "Hoje, captar lá fora não compensa, por conta do alto custo da operação", diz o vice-presidente Financeiro do Banco ABC Brasil, Sérgio Lulia Jacob.

O resultado é a maior demanda por linhas domésticas de financiamento. No BB, tem havido maior procura tanto por operações tradicionais, como capital de giro, como para financiar projetos de investimento, destaca o vice-presidente de gestão financeira, mercado de capitais e relações com investidores do banco, Ivan Monteiro.

"O crédito para grandes empresas vem surpreendendo e está crescendo bem acima do previsto", disse o vice-presidente executivo e diretor de relações com investidores do Bradesco, Domingos Ferreira Abreu. O banco tem previsão de crescimento de até 15% para a carteira em 2011, mas, até setembro, a alta já havia chegado a 27%.

Os bancos apostaram forte no segmento de pequenas empresas entre o fim de 2010 e início de 2011. O problema é que a categoria foi uma das que tiveram maior aumento de inadimplência.