Título: CNT promete investigar crimes de guerra
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2011, Internacional, p. A16

Pressionado pela comunidade internacional a dar uma resposta após as mortes de Muamar Kadafi e seu filho, Mutassim, o Conselho Nacional de Transição (CNT) prometeu ontem levar à Justiça os responsáveis por abusos que possam ser classificados como crimes de guerra na Líbia. O anúncio ocorreu dois dias depois da descoberta de uma cova coletiva com mais de 300 corpos em Sirte, última cidade sob o controle de tropas leais ao regime.

Segundo o primeiro-ministro adjunto do CNT, Abdelhafiz Ghoga, o CNT não deixará que as mortes não sejam investigadas. "Nós não vamos esperar para que alguém nos conte a verdade. Já lançamos uma investigação. Temos um código de ética para a captura de prisioneiros de guerra", disse Ghoga. "Estou certo de que esse foi um ato individual e não um ação dos revolucionários ou do Exército nacional. Quem quer que tenha sido responsável será julgado e levado a um tribunal justo."

Apesar da suspeita de uma ação individual, o Estado apurou em Trípoli e em Misrata que a decisão de matar Kadafi havia sido comunicada por revolucionários de Misrata ao Conselho Nacional de Transição (CNT), que tentava convencer os revolucionários armados a não fazer uma execução sumária.

Além dos 42 anos de regime violento, os insurgentes de Misrata não perdoam Muamar Kadafi por ter enviado mercenários à cidade durante um cerco de três meses para estuprar mulheres nas regiões recuperadas pelas forças fiéis ao regime. Pelas tradições muçulmanas e líbias, o estupro de um de seus membros é a pior humilhação que uma família pode enfrentar. O comandante militar do CNT de Misrata, Ramadan Zarmouh, nega que Kadafi e Mutassim tenham sido executados. / A.N.