Título: Cenário global reduziu crédito, diz Febraban
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2011, Economia, p. B5

Saldo das operações com recursos externos na carteira de pessoa jurídica caiu 2,1% em outubro

A forte desaceleração do crédito no mês passado, especialmente na carteira de pessoa jurídica, pode estar diretamente ligada à piora do cenário externo nos últimos meses, avalia a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Nessa carteira, o saldo das operações com recursos externos caiu 2,1% e do crédito rural, 4,5%. Em setembro, essas linhas tinham crescido8%e6,6%, respectivamente. Nas operações para pessoa física, o desempenho foi positivo, mas abaixo das expectativas: o saldo cresceu apenas 1,1% em outubro. Segundo o economista sênior da Febraban, Jayme Alves, nesse caso o resultado pode ter sido influenciado pela greve, que fechou as agências bancárias por 21 dias até meados de outubro. Por esse motivo, completa o economista, as modalidades mais caras, como cheque especial e cartão de crédito, tiveram uma demanda maior. "As pessoas não conseguiram ter acesso a linhas mais baratas e acabaram entrando nessas modalidades rotativas." As concessões diárias cresceram 12,3% nos cartões de crédito e 9,5%, no cheque especial. O resultado ajudou a impulsionar a carteira de pessoa física, que teve aumento de 6,4% nas concessões diárias. A greve também pode explicar os índices de inadimplência no período, diz Alves. Na opinião dele, as agências fechadas dificultaram tanto o pagamento de contas como a renegociação de dívidas. Os atrasos de 15 a 90 dias cresceram 0,5 ponto porcentual em pessoa física, sendo 0,7 ponto em veículos e 1,2 ponto em outros bens. Na pessoa jurídica, houve aumento 0,2 ponto. Nesse segmento, as concessões de empréstimos recuaram 4,5%. Segundo a Febraban, essa piora "deve estar relacionada à deterioração do mercado internacional" e, consequentemente, "aos sinais de desaceleração da economia brasileira". Eles ponderam, porém, que depois de um período de aceleração mais forte é natural esperar maior critério na concessão de novos financiamentos. Para os próximos três meses, o cenário de crédito para grandes empresas não é nada animador. Tanto no quesito oferta de crédito como demanda, a expectativa é de queda. Em compensação, a carteira de pessoa física tem algumas boas notícias. Segundo o Informativo Semanal da Febraban, há melhora na percepção de demanda para o crédito ao consumo. Nos últimos três meses, o indicador de demanda estava negativo. Mas, para os próximos três meses, a expectativa é que o indicador entre em terreno positivo. Caminho semelhante deve seguir o crédito habitacional, cujo indicador pode avançar 100%. Na opinião de Alves, as previsões estão ancoradas em fatores, como queda dos juros, dissídio de algumas categorias e 13.º salário. Por outro lado, a crise internacional tende a arrefecer o desempenho da carteira de pessoa jurídica. "Na média, o resultado deve ser a moderação do crédito."