Título: Quem dá dinheiro é que deve fiscalizar
Autor: Manzano, Gabriel
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2011, Nacional, p. A10

Fundadora e presidente executiva voluntária da Parceiros Voluntários, Maria Elena Pereira Johannpeter não esconde a decepção quando ouve generalizações como as de que as ONGs se tornaram um escoadouro de dinheiro. Sugere que critérios rígidos de repasse de recursos podem reduzir casos de desvios. Maria Elena é mulher do empresário Jorge Gerdau, coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento do governo.

Estes episódios recentes significam que o modelo fracassou?

O setor das ONGs, sem desvirtuamentos, é extremamente econômico e eficiente. Em creches, instituições de caridade, hospitais filantrópicos, o custo é expressivamente menor e com serviços mais eficientes. Os desvirtuamentos são exceções. As organizações sérias são a grande maioria.

Falta transparência às ONGs?

Falta transparência no País. Devemos continuar perseguindo o desenvolvimento de um sistema de transparência para os três setores: governo, empresas e ONGs. A transparência é basilar para todos os segmentos da sociedade.

Como as ONGs podem ser transparentes?

O processo de transparência está em andamento, é dinâmico e interminável e se aprimora pela institucionalização do sistema, assim como aconteceu com o mercado de capitais. É muito importante trabalharmos na construção de um sistema através de normas, regulamentos, auditoria e conceito de ética.

As ONGs que captam recursos da iniciativa privada são mais eficientes que as que captam recursos públicos?

Não é que sejam mais eficientes, mas são bem melhor acompanhadas e sua prestação de contas é rígida, pois é feita para uma instituição que tem um dono. Conceito que, infelizmente, muitas vezes não é seguido quando se trata de dinheiro público.

O que deve exigir quem repassa recursos às ONGs?

Quem dá o dinheiro é que deve fiscalizar e controlar sua aplicação, com padrões técnicos.

Transferir os convênios para as prefeituras resolveria os problemas verificados no Esporte?

Não. A falta de transparência não ocorre somente em determinadas organizações sociais. E a corrupção pode ocorrer em qualquer esfera. Eu concordo com critérios mais rígidos, com a exigência de projetos escritos, com metas e indicadores claros, com entrega de resultados e com fiscalização.