Título: CNI apura que menos indústrias querem investir em 2012
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2011, Economia, p. B8

Incerteza econômica é apontada por 76% das empresas como principal risco para o planejamento de 2012

A preocupação com a crise econômica e a percepção de que a capacidade instalada da indústria é suficiente para atender à demanda levaram empresários a planejar menos investimentos para 2012.

Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 87% das indústrias pretendem investir no próximo ano. O porcentual é inferior ao das companhias que dizem ter investido em 2010 (90%) e 2011 (89%).

A incerteza econômica é apontada por 76% das empresas como principal risco para o planejamento de 2012, porcentual superior ao verificado nos dois anos anteriores. Além de estarem mais preocupadas com a crise, as companhias avaliam que a capacidade instalada estará levemente superior ao que seria adequado para atender a demanda projetada.

O gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, afirmou que há um equilíbrio maior em relação ao verificado neste ano, quando a capacidade ficou abaixo do necessário. Só 18% disseram que vão operar com capacidade ociosa.

Apesar da cautela, a CNI destaca como positivo o aumento na parcela de recursos destinados a novos projetos, que deve passar de 33% ( 2011) para 40% (2012).

Houve aumento também no porcentual destinado à melhoria do processo produtivo e à introdução de novos produtos, o que a CNI aponta como tendência para o setor nos próximos anos. Principalmente por causa do aumento na competição nos mercados externo e interno.

Acesso difícil. Outro problema apontado pela pesquisa é a dificuldade no acesso a recursos de longo prazo para realizar esses projetos. As empresas esperam aumentar em 2012 a participação de recursos de terceiros em seus investimentos e, dessa forma, alocar um porcentual menor do seu próprio capital.

Em 2011, quase 60% do investimento veio de recursos próprios. As empresas esperam que essa participação recue para 53% no próximo ano. Em relação às fontes oficiais de crédito, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a previsão é de aumento na participação, de 22% neste ano para 29% em 2012.

A CNI estima, no entanto, que essas expectativas devem se frustrar, como ocorre todos os anos. Castelo Branco afirmou que as empresas são sempre mais otimistas em relação ao acesso a outras fontes de financiamento, como recursos externos e emissões de ações, em relação ao que se verifica efetivamente.

Disse ainda que as medidas recentes do governo para baratear o crédito, principalmente de longo prazo, contribuem para alterar esse cenário, mas que não espera mudanças significativas no curto prazo.