Título: Raúl usava negócios para obter apoio
Autor: Russo, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2011, Internacional, p. A17

Em 2008, ano em que Raúl Castro assumiu a presidência de Cuba, a venda de produtos alimentícios e agrícolas americanos ao regime comunista registrou uma elevação de 62,28%, movimentando mais de US$ 710 milhões - um recorde desde o relaxamento no embargo econômico dos EUA contra o governo de Havana -, segundo os dados do Conselho Comercial e Econômico EUA-Cuba.

De acordo com o consultor sênior para política da entidade, John Kavulich, essa elevação em relação a 2007 - quando os cubanos compraram US$ 437,5 milhões - deveu-se a uma tentativa de aproximação de Raúl ao governo americano.

A intenção do regime de Cuba em fomentar as compras dos produtos dos EUA, desde 2001, era de aproximar-se dos congressistas americanos, para que o embargo econômico fosse relaxado ainda mais, segundo explica o especialista.

Para Kavulich, a queda ocorrida entre 2009 e 2011, porém, mostrou que Raúl "desistiu de tentar mudar a mentalidade" dos legisladores dos EUA, pois seria mais "lucrativo", tanto no âmbito econômico como no político, "intensificar os negócios com Venezuela, Irã e China".

De acordo com o analista, além do sigilo nas negociações, esses países e suas empresas estatais oferecem a Cuba condições de pagamento - ou não pagamento - muito melhores do que qualquer outro mercado no mundo.

Demais parceiros. Brasil, Argentina, México, Canadá, Rússia e França também figuram entre os países e que substituem as importações de produtos americanos para o governo de Havana, segundo o mais recente relatório do Conselho Comercial e Econômico EUA-Cuba.

Kavulich explica, porém, que a iniciativa de fazer negócios com Cuba não parte do regime, mas desses outros países. Para o especialista, esses outros parceiros buscam manter relações comerciais com Havana para que as dívidas já adquiridas por Cuba em transações anteriores não caiam no esquecimento. / G.R.