Título: Comércio entre Cuba e EUA cai 49% em 3 anos
Autor: Russo, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2011, Internacional, p. A17

Empresários americanos dos setores alimentício e agrícola mantêm negócios com Havana desde 2001, graças a relaxamento no embargo econômico

Nos últimos três anos, a venda de produtos alimentares e agrícolas dos Estados Unidos a Cuba diminuiu 49,23%, depois de sucessivos períodos de elevação. Além de alimentos e commodities agrícolas, os americanos podem vender apenas produtos médicos a Havana, por causa do embargo econômico aplicado contra o governo cubano desde 1962.

Entre 2001 e o fim de 2011, exportadores de produtos alimentares e agrícolas americanos terão vendido ao governo de Havana o equivalente a mais de US$ 3,8 bilhões, segundo projeção sobre dados do Conselho Comercial e Econômico EUA-Cuba, de Nova York. Isso representa quase todo o comércio entre os países, já que a venda de insumos hospitalares dos EUA à ilha é inexpressiva.

Até 2008, quando americanos dos setores alimentício e agrícola venderam mais de US$ 710 milhões a Cuba, essa relação comercial entre os países registrava aumentos desde que havia sido posta em prática. Quando 2011 acabar, porém, US$ 360,4 milhões terão sido exportados, conforme uma projeção realizada pelo Estado com base nas informações registradas pelo conselho.

A queda em relação a 2010 será de 10,38%, de acordo com o cálculo. No período anterior, a diminuição havia sido de 30,65% - a maior já registrada - e, entre 2008 e 2009, o comércio alimentar e agrícola entre Cuba e EUA encolheu 25,57%.

Razões. O consultor sênior para política do conselho, John Kavulich, diz que essa queda significa que Havana está importando menos. Estima-se que a ilha compre de outros países cerca de 80% dos alimentos que sua população consome. Desde que assumiu, o presidente Raúl Castro tem tentado aumentar a produção agrícola cubana - de acordo com economistas dissidentes, sem sucesso.

Segundo Kavulich, a produção interna tem conseguido substituir as importações, em certa medida. O americano lamenta que os dados econômicos oficiais do governo cubano não sejam confiáveis, explicando que sua entidade busca diversas fontes para a elaboração do levantamento.

Outro motivo para a queda nas relações comerciais entre Cuba e EUA, segundo Kavulich, é uma preferência do regime comunista em buscar negócios estabelecidos diretamente entre governos - "para garantir a confidencialidade dos contratos e de possíveis calotes". "Por isso os cubanos compram arroz do Vietnã e buscam negócios com empresas operadas pelo governo chinês." O alinhamento político também levaria Cuba a escolher outros parceiros - como a Venezuela - em detrimento dos EUA.