Título: Inflação oficial fica mais próxima do limite da meta
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2011, Economia, p. B4

Variação do IPCA acumulado em 12 meses recuou para 6,97%, em outubro

A inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses deu uma trégua, aproximando-se do teto da meta de 6,5% estabelecida pelo governo para 2011. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 7,31% nos 12 meses encerrados em setembro para 6,97% em outubro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"É a primeira desaceleração na ótica de 12 meses desde agosto de 2010. As taxas maiores no fim do ano passado vinham de uma pressão de alimentos", disse Eulina Nunes, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Mas, mesmo com o recuo, o meta ainda pode ser rompida.

Na avaliação do economista do Royal Bank of Scotland (RBS) Marcelo Gazzano, grupos como alimentação e vestuário devem vir mais pressionados na próxima leitura, por fatores sazonais. "O câmbio pode pesar na alimentação para o consumidor em novembro e, mesmo sem alimentação, os bens não duráveis devem vir fortes", afirmou Gazzano.

A economista-chefe da corretora Icap Brasil, Inês Filipa, lembrou que a desaceleração na taxa de 12 meses já estava prevista pelo Banco Central, quando o número ultrapassava a casa dos 7%. Porém, a economista prevê redução apenas até abril, quando a taxa acumulada em 12 meses deve chegar a 5,45%. "Depois disso, deve haver um processo de aceleração", alertou Inês.

O IBGE informou que o aumento de 0,43% no IPCA em outubro, que vazou um dia antes da divulgação oficial por falha no sistema do instituto, já teve a influência da desvalorização do real ante o dólar. Ficaram mais caros alguns alimentos e peças de vestuário. Entre os itens alimentícios que tiveram aumento de preços estão café e derivados de soja e milho.

Outro segmento que já sentiu o impacto da desvalorização do real foi o de vestuário. "Os produtos importados que inundam o mercado, principalmente os chineses, ficaram mais caros", contou a coordenadora do IBGE. O grupo vestuário teve a maior alta no mês de outubro, de 0,74%, influenciada também pelo aumento nos preços do algodão.

Por outro lado, a desaceleração nos preços dos combustíveis ajudou a conter uma alta maior na inflação de setembro para outubro. O etanol teve recuo de 0,36%, enquanto a gasolina diminuiu o ritmo de alta para 0,17%.

Também integrante do grupo transportes, o item passagens aéreas contribuiu para a desaceleração da inflação, apesar de ter exercido o principal impacto no IPCA de outubro (0,06 ponto porcentual). Os voos disponíveis para outubro subiram, em média, 14,26%, ante uma alta média de 23,40% em setembro. / DANIELA AMORIM, COM DENISE ABARCA E FLAVIO LEONEL