Título: Grupos ilegais disputam voto local na Colômbia
Autor: Eredia, Talita
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2011, Internacional, p. A21

Guerrilheiros, paramilitares e máfias financiam campanhas e intimidam eleitores; 41 candidatos foram mortos antes da eleição regional de hoje 30 de outubro de 2011 | 3h 04 Notícia A+ A- Assine a Newsletter TALITA EREDIA - O Estado de S.Paulo Os colombianos vão às urnas hoje para as eleições regionais em uma votação marcada pela reaparição dos grupos armados na esfera política. Segundo estudos de organizações independentes, cerca de 10% dos candidatos são investigados por envolvimento com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), paramilitares ou máfias, muitos com chances de serem eleitos.

A influência de grupos ilegais vai desde as candidaturas e o financiamento de campanhas até a intimidação - de candidatos e eleitores. Até agora, 41 candidatos - a maioria ao cargo de prefeito - foram mortos. O número de assassinatos de candidatos quase dobrou em comparação com as últimas eleições regionais, em 2007, quando 27 foram mortos.

Os 32 departamentos do país elegerão novos governadores. Em 9 deles, candidatos envolvidos com paramilitares ou com as Farc devem ser eleitos - um em cada três departamentos.

"É fato que grupos criminosos têm territórios consolidados na Colômbia. Agora, voltaram seus esforços para a participação política das áreas onde dominam para defender os seus interesses particulares. Fazem como empresários e agricultores. Todos querem suas próprias candidaturas para colocar os seus próprios interesses na agenda política", disse ao Estado o analista político da Universidade Nacional da Colômbia, Carlos Medina.

Segundo o especialista, o avanço de grupos criminosos na política colombiana segue uma tendência. "A maior vantagem é controlar os poderes locais e regionais, as verbas públicas e os recursos dentro do território, as populações que ali vivem e garantir o fortalecimento de suas finanças e projetos políticos."

Estudos publicados pela Corporación Nuevo Arco Iris e pela Missão de Observação Eleitoral (MOE) apontam que um em cada quatro municípios colombianos corre alto risco durante as eleições - seja por violência ou fraude. Além dos financiamentos ilegais de campanha, mais de 450 mil registros de eleitores foram cancelados.

Este ano, ainda foram registradas 87 ameaças, 22 atentados e 7 sequestros. As estatísticas mostram que as principais vítimas também são candidatos às prefeituras.