Título: PIB estaciona no 3º trimestre e mercado já prevê crescimento abaixo de 3% no ano
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2011, Economia, p. B1

O PIB brasileiro estacionou no terceiro trimestre, com crescimento zero em relação ao segundo, na série livre de influências sazonais. Foi o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009 (-1,7%). A desaceleração foi generalizada. Como esperado, a indústria teve queda, e a surpresa ficou por conta do recuo dos serviços e da desaceleração do consumo das famílias. Com isso, para diversos analistas, ficou bem difícil o PIB crescer 3% em 2011. Alguns já acham improvável chegar a 3% também em 2012.

"Dificilmente o PIB cresce 3% este ano", diz Bráulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA. Levantamento da Agência Estado indica que 25 instituições estão revisando suas projeções, para crescimento inferior a 3% em 2011. Mas a maioria acha que o quarto trimestre será melhor que o terceiro. Em relação a igual período de 2010, o PIB do 3.º trimestre cresceu 2,1%, o pior resultado desde a queda de 1,5% no 3.º trimestre de 2009, em plena crise global.

O mau desempenho do PIB no terceiro trimestre atingiu quase todos os setores e subsetores. A desaceleração foi puxada pela indústria e já atingiu o consumo das famílias, suporte da economia brasileira nos últimos anos. Os investimentos também caíram ante o segundo trimestre.

Segundo os analistas, a alta da Selic (taxa básica de juros), as medidas de contenção de crédito adotadas desde o fim de 2010 para conter a inflação e o impacto da crise internacional brecaram a economia brasileira.

A indústria recuou 0,9% e os serviços caíram 0,3% no terceiro trimestre, ante o período de abril a junho, na série dessazonalizada. Na indústria, foi a primeira queda desde o primeiro trimestre de 2009 (-6,4%). Nos serviços, a primeira desde o último trimestre de 2008 (-2,6). A agropecuária, porém, cresceu substanciais 3,2% no terceiro trimestre, impulsionada pela mandioca e laranja e pelo feijão.

O pior desempenho de todos subsetores do PIB foi o da indústria da transformação, que caiu 1,4% ante o segundo trimestre, na série dessazonalizada. Serviços ligados à indústria também foram afetados, com o comércio recuando 1% e transportes e armazenagem crescendo só 0,2%.

Na indústria da transformação, houve queda em produtos como automóveis, prejudicados pelos altos estoques (e com férias coletivas em algumas montadoras no terceiro trimestre), e têxteis, vestuários e calçados, que vêm perdendo competitividade por causa do câmbio valorizado e da competição asiática.

As indústrias extrativa mineral e de serviços de utilidade pública foram melhor, crescendo respectivamente 0,9% e 0,8% ante o segundo trimestre. No primeiro caso, com ajuda de programas como o Luz para Todos. No segundo, do minério de ferro. Nos serviços, o destaque foi intermediação financeira e previdência complementar - alta de 1,7% ante o segundo trimestre.