Título: Tecnologia ajuda a elevar PIB agrícola
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2011, Economia, p. B6

Alta de 3,2% no 3º trimestre foi puxada pela produtividade de feijão, mandioca e laranja

O agricultor Ariovaldo Fellet, um dos maiores produtores de feijão do sudoeste paulista, trata a lavoura tradicional como se fosse commodity para obter mais produção sem depender exclusivamente do clima.

Os 705 hectares plantados na fazenda Lagoa Bonita, em Itaberá, foram semeados no sistema de plantio direto sobre a palha e 100% da área são irrigados. "O ciclo da cultura é rápido e não tem como depender de São Pedro, pois um veranico curto (período sem chuvas) pode ser fatal."

O feijão e a mandioca, duas culturas "caipiras", destinadas ao mercado interno, compõem com a laranja o trio de produtos que ajudaram a agropecuária a garantir a alta de 3,2% no Produto Interno Bruto (PIB) de julho a setembro, ante o trimestre anterior.

A mandioca mostrou alta de 7,3% na estimativa de produção, o feijão, de 6,1% e a laranja, de 3,1%. Fellet vê o grão como essencial para a alimentação do brasileiro, apesar de não ser produto de exportação.

"O brasileiro é um povo feliz por poder ter feijão em sua mesa todo dia", diz Fellet. O produto estava cotado a R$ 123 a saca de 60 kg ontem, preço considerado muito bom pelo produtor.

O preço da mandioca de mesa, a R$ 18 a caixa com 25 kg, também agrada ao produtor Saul Cleto dos Santos, de Capela do Alto, região de Sorocaba. A safra, numa área de 50 hectares, prossegue até fevereiro. Na colheita anterior, ele vendeu à média de R$ 11 a caixa. Com boa adubação, ele consegue produção de 35 toneladas por hectare.

"O ano está sendo bom de chuva e a produção está um pouco acima da média", diz Saul. Produtores da região especializaram-se na produção de mandioca de mesa, que tem cotação melhor que a do produto industrial.

A produtividade da laranja está quase o dobro da obtida na safra passada na fazenda Agropecuária São Paulo, em Itapeva, sudoeste paulista. O administrador João Jacinto Dias prevê produção de 75 toneladas por hectare, ante 40 da safra passada. Os pomares não são irrigados e as chuvas caíram na época certa, garantindo a boa florada.

A produção alta fez o preço cair para R$ 10 a caixa, mas Dias conta que a fazenda tem contrato com a indústria de suco a R$ 13 a caixa. "Desta vez o contrato está a nosso favor."

Para o pecuarista José Fernandez Lopez Neto, criador da raça pardo-suíço em Itapeva, a pecuária de corte está num bom momento porque o volume de gado é baixo nos pastos e confinamentos.

"Temos 180 milhões de cabeças e a maior parte desse rebanho está nas mãos de pequenos e médios criadores que padece com a falta de escala", diz Lopes Neto.

A rentabilidade para uma atividade de ciclo longo é baixa, segundo ele. "Estamos ajudando o PIB, mas não sabemos até quando", disse. "Muitos pecuaristas estão migrando para outros setores do agronegócio com rentabilidade melhor, como a cana e o reflorestamento."