Título: Ferrovia Transnordestina vai precisar de mais R$ 1,3 bilhão para ser concluída
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2011, Economia, p. B1-3

Na lista das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Ferrovia Transnordestina terá de passar por novo reajuste para ser concluída. O projeto exigirá, no mínimo, mais R$ 1,3 bilhão de investimento - valor que elevará o preço da obra para R$ 6,7 bilhões.

Quando concluída, a ferrovia terá 1.728 quilômetros (km) de extensão e ligará os Portos de Pecém (CE) e Suape (PE) ao sertão do Piauí. Transportará cerca de 40 milhões de toneladas/ano de grãos, minério, gesso, frutas e combustíveis.

Será a segunda revisão de investimentos desde 2007, quando a ferrovia foi incluída no programa federal pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. A primeira ocorreu em 2008 e representou aumento de quase R$ 1 bilhão. Mas, no estudo original, a necessidade de investimentos era de R$ 8 bilhões.

Como o valor era muito alto, várias adequações foram feitas até chegar ao orçamento de R$ 4,5 bilhões. Mas, depois de cair pela metade por influência do governo, o movimento se inverteu. Para especialistas, não será surpresa se, ao final da construção, o volume de investimento estiver próximo daquele identificado no primeiro estudo.

Além do atraso no cronograma, que impacta preços unitários de materiais, os construtores encontraram surpresas no meio do caminho. Uma delas foi a barragem Serro Azul, que exigiu mudanças no traçado. Será necessário construir uma variante para contornar a represa.

Aprovação. Embora seja uma obra privada, a revisão do investimento precisa ter a chancela do Ministério dos Transportes por causa dos empréstimos. De acordo com o orçamento atual, de R$ 5,4 bilhões, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) - detentora da concessão da ferrovia no Nordeste - desembolsará R$ 1,35 bilhão de recursos próprios para realizar a obra.

O restante virá de seis fontes de financiamento, como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste, Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (Finor).

O reajuste teria de ser rateado entre as instituições ou repassado por um novo empréstimo. O Ministério dos Transportes informou que ainda avalia qual o equacionamento financeiro para a Transnordestina. "O governo estuda se, e como, vai fornecer novos recursos financeiros para o projeto."

Sem o aumento, a obra corre sério risco de ser paralisada por falta de dinheiro, afirmou uma fonte próxima ao projeto. Cada km da Transnordestina está sendo construído a um preço de R$ 3 milhões, ante a média de R$ 5,5 milhões de outras ferrovias que estão sendo realizadas no Brasil. Mesmo com o aumento, o custo da obra continuaria abaixo do que está sendo praticado.