Título: Fusão Citrovita/Citrosuco também é aprovada
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2011, Negócio, p. B14

O Cade também aprovou ontem por unanimidade a criação da maior produtora mundial de suco de laranja, resultado da fusão da Citrosuco/Fischer e da Citrovita, do grupo Votorantim. O órgão regulador da concorrência no País determinou, no entanto, que as companhias assinassem um compromisso para preservar a capacidade de barganha dos produtores independentes, que se sentem prejudicados pela operação.

Segundo esse documento, conhecido tecnicamente como Termo de Compromisso de Desempenho (TCD), as companhias terão seus pomares próprios congelados por cinco anos, como forma de reduzir o poder de barganha da nova empresa sobre os citricultores. Além disso, a empresa deverá abrir informações aos produtores por dez anos.

O relator do processo, Carlos Ragazzo, explicou que sua intenção foi a de preservar ao máximo os citricultores da fusão que cria a gigante. Ele admitiu, porém, que o acordo não sana todos os desequilíbrios existentes no mercado entre a indústria e os vendedores de laranja.

Ragazzo salientou que, após a fusão anunciada em maio do ano passado, a maior concorrente do negócio, a Cutrale, perderia a liderança. O negócio cria uma empresa com 45% do mercado produtor de suco de laranja no Brasil, superando a Cutrale, que detém 35%. Ele também salientou que, no período de 2003 a 2009, houve retração de 8% do consumo de laranja. No mundo, a queda foi de 6% no mesmo período.

A avaliação feita sobre o poder de barganha gerado pelas empresas não permite dizer, segundo o relator, que a perspectiva é positiva para os próximos anos e, no caso da concorrência, não prevê o aumento de rivalidade no mercado. "A avaliação sobre a imposição de preços aos produtores é complexa, já que a argumentação é a de que os menores custos de produção passem para o preço final para o consumidor e se torne mais competitivo no mercado", considerou. "Mas essa relação não é direta."

A advogada da Citrovita, Gianne Nunes disse que se o acordo não for cumprido, as empresas terão de pagar multas cujo valor não foi revelado. "Podem ter certeza que as multas são significantes para que a gente cumpra o acordo." Já o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, mostrou desconfiança em relação ao cumprimento do TCD. "A fiscalização do cumprimento do acordo pelo Cade nos preocupa." / C.F. e E.R.