Título: Se a inflação subir, haverá aumento do juro
Autor: Fernandes, Adriana ; Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/12/2011, Economia, p. B1

Embora o discurso do Banco Central (BC) quase prometa inflação no centro da meta para o ano que vem, a autoridade monetária poderá ter de elevar os juros no segundo semestre de 2012 para evitar um repique dos preços no início de 2013.

Mesmo com a inflação em alta, o Comitê de Política Monetária (Copom) efetuou três cortes de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic desde agosto, trazendo-a para 11% ao ano. E a maioria dos analistas espera novas reduções.

Mas, tendo em vista um ambiente de maior expansão da atividade econômica na segunda metade do próximo ano, impulsionado pelo próprio corte de juros e pelas últimas medidas de estímulo do governo, o BC já admite a possibilidade de inverter o atual ciclo de redução da Selic.

Se no cenário de referência (principal) do relatório a inflação não passa de 4,7% em 2013, no cenário de mercado a alta dos preços chega a 5,3%. Por isso, o diretor de Política Econômica da instituição, Carlos Hamilton, foi bem claro ao reconhecer ontem a possibilidade de elevação da taxa básica no fim de 2012.

"Caso o cenário de inflação em alta para 2013 se confirme, vamos tomar providências, vai haver aumento na taxa de juros", disse, sem meias palavras. Foi a senha para a alta dos juros no mercado futuro.

Gordura. Por ora, a expectativa do BC é de que uma confluência de fatores - da queda dos preços de commodities até a moderação da atividade econômica por causa da crise - possam provocar recuo adicional no IPCA na primeira metade do ano. Ou seja, sob essa perspectiva, haveria mais "gordura" para queimar até que as pressões inflacionárias do segundo semestre se tornem de fato incômodas. / A.F. e E.R.

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