Título: Em atrito com Poder, presidente desiste de ir a posse no Supremo
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2011, Nacional, p. A5

Dilma era aguardada no evento em que Rosa Weber assumiu vaga na Corte, mas avisou pouco antes que não iria mais

Três dias após ter dito que não daria reajuste salarial ao Judiciário, a presidente Dilma Rousseff contrariou o programado e não apareceu ontem na posse da ministra Rosa Maria Weber Candiota da Rosa no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na sexta-feira, o cerimonial da Corte trabalhava com a certeza de que Dilma prestigiaria a solenidade. Integrantes da equipe de segurança da Presidência da República estiveram no STF no final da semana passada para fazer o reconhecimento do local. Foi providenciada até uma mudança no sentido da rua que dá acesso à entrada das autoridades no prédio do tribunal.

No entanto, apesar de toda a preparação, um pouco antes da solenidade de ontem o Supremo foi informado que Dilma não compareceria. Ela foi representada na solenidade pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Também estiveram no STF os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

Dilma repetiu ontem o que ocorreu na posse de Luiz Fux, primeiro nome indicado pela presidente para o Supremo, quando também se ausentou.

Indicação. Num demorado processo de escolha, Dilma indicou Rosa Weber para a vaga surgida em agosto, com a aposentadoria de Ellen Gracie. A indicação foi criticada por senadores como Demóstenes Torres (DEM-GO), que participou da sabatina da nova ministra na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e questionou seus conhecimentos jurídicos. "Quem vai ao Supremo tem de lecionar, não tem que aprender."

Antes de integrar o Supremo, Rosa Weber foi ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), corte especializada em resolver conflitos trabalhistas. No Supremo, os ministros têm de analisar ações principalmente sob o ponto de vista do direito constitucional.

Rosa Weber tomou posse no último dia de trabalho do tribunal. A partir de hoje, o Supremo estará em recesso. Apenas os assuntos urgentes serão despachados pelo ministro que estiver de plantão. As sessões plenárias de julgamento somente voltarão a ocorrer em fevereiro.

Com a posse de ontem, o STF está finalmente com a composição completa. É esperado que julgue ações de grande repercussão que estão pendentes, como a possibilidade de interrupção da gestação de feto com anencefalia, a criação do sistema de cotas para ingresso em universidades e a validade da Lei da Ficha Limpa.