Título: Apesar da bênção de Lula, Haddad tem ano para esquecer
Autor: Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2011, Vida, p. A18

Uma retrospectiva mostra que o ano de 2011 não vai deixar saudades para o ministro Fernando Haddad (Educação). Embora tenha conseguido a bênção de Lula, varrido do mapa a senadora Marta Suplicy (PT-SP) e enterrado as prévias do PT para a Prefeitura de São Paulo, o ministro colecionou uma série de contratempos à frente da pasta - do kit anti-homofobia a mais uma edição tumultuada do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não faltaram problemas.

O MEC virou alvo de deputados católicos e evangélicos, que usaram o kit anti-homofobia como moeda de troca para preservar o então ministro Antonio Palocci, envolvido em acusações. Nenhum dos dois foi salvo: Palocci foi demitido; o kit, engavetado.

Um livro de matemática com erros crassos de revisão (como ensinar que 10-7 é 4) também trouxe dores de cabeça a Haddad, assim como a discussão de um livro que defendeu a fala popular na tentativa de estabelecer a comunicação oral - e pregou que, sim, é possível falar "nós pega o peixe", apesar do risco de "preconceito linguístico". "Estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler", afirmou o ministro à época, em audiência no Senado.

O Inmetro e uma empresa de gestão de riscos foram chamados pelo MEC para garantir que tudo saísse como previsto no Enem 2011- e desse fim à sucessão de falhas, iniciada pelo vazamento da prova em 2009, revelado pelo Estado, e seguida pela troca de cabeçalho e os erros de encadernação em 2010. O episódio do Colégio Christus, no entanto, expôs mais uma vez equívocos na organização do exame. Para assessores do ministro, o lema é o seguinte: que venha 2012, e logo.