Título: Dirigente petista ataca negociação com Kassab
Autor: Monteiro, Tânia ; Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2012, Nacional, p. A6

Depois de líderes de movimentos sociais do PT repudiarem uma eventual aliança com o PSD e militantes históricos ameaçarem deixar a sigla caso um acordo prospere, agora é o secretário nacional de movimentos populares do partido, Renato Simões, quem rejeita a ideia.

Em consonância com a base petista, ele vê atitudes "oportunistas" do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, na aproximação com o governo federal e nas conversas que abriu com Lula.

"O PT não pode ficar refém de um partido que mantém relação oportunista com o governo federal. O PSD não tem base programática nem compromisso efetivo com a defesa do governo", afirma. Simões avalia que Kassab está usando o PT para "se valorizar com os tucanos". "Basta o Serra voltar atrás e assoviar que o Kassab vai correndo apoiá-lo. Basta o PSDB abrir mão de candidatura e apoiar o Afif que o Kassab nos deixa na rua da amargura."

Nota. A Militância Socialista, corrente petista coordenada por Simões, emitiu uma nota na qual define o PSD como "uma reconfiguração da direita partidária que esgotou seu projeto no DEM e em outros partidos de oposição". A corrente condena qualquer acordo com o partido presidido por Kassab nas eleições municipais deste ano.

Simões rebate as manifestações de colegas de partido que defendem a tese segundo a qual, ao se aproximar do PT, Kassab estaria aceitando o programa do partido. "O Kassab foi a negação do programa do PT durante o seu governo. Ele desmantelou as principais políticas do governo da Marta em áreas como moradia, saúde e educação. Ele pisoteou o programa do PT."

Ele afirma não ter encontrado nenhum líder de movimento popular dentro do PT que defenda a aliança com o PSD. "Não conheço uma liderança petista de movimento social animada com um possível apoio do Kassab", diz. Simões avalia como negativo o impacto eleitoral da eventual aliança: "Compromete não só a situação em São Paulo como nacionalmente. Associar a imagem do PT à do Kassab em nada ajuda na campanha". / FERNANDO GALLO e ROLDÃO ARRUDA