Título: No 1º dia no MEC, Mercadante demite presidente de órgão que cuida do Enem
Autor: Saldaña, Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2012, Vida, p. A13

O novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, demitiu ontem a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman. A pedagoga é a terceira presidente a deixar o órgão responsável pelo Enem desde 2009, quando o exame foi transformado em vestibular - e também passou a acumular problemas.

Mesmo esperada, a demissão de Malvina veio no primeiro dia útil de Mercadante à frente do MEC - e foi anunciada sem que haja um nome certo para substituí-la. A decisão foi tomada após reunião entre o ministro e a pedagoga. Foi classificada pela assessoria de imprensa da pasta como "mudança própria de uma nova gestão".

Em nota publicada no site do órgão, Malvina diz que viveu intensamente o Inep. "Nele aprendi com os meus colegas o valor de ser 'inepiana'", declarou. "Saio fisicamente desse importante instituto, mas me sentirei sempre presente em cada sonho realizado e em cada ação desenvolvida pelos servidores."

Com as mudanças no Enem, o Inep ganhou importância e atribuições. Antes voltado exclusivamente a pesquisas educacionais, o órgão passou a ser responsável pela elaboração e gestão do exame que se tornou o maior vestibular do País.

Ex-reitora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Malvina assumiu o cargo em 18 de janeiro de 2011 com a missão de consolidar o Enem. Ela chegou admitir a possibilidade de criar um órgão exclusivo para a aplicação do exame, ideia que não prosperou. Tendo demonstrado descontrole emocional em aparições públicas, pouco se pronunciou sobre os problemas do Enem de 2011, quando alunos do Colégio Christus, de Fortaleza, tiveram acesso antecipado a questões que caíram na prova.

Trocas. A pedagoga, de 62 anos, entrou no Inep no lugar do professor Joaquim Soares Neto, então ex-diretor do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe). Sob a gestão dele, que também ficou apenas um ano no cargo, ocorreram falhas de impressão e de montagem das provas do Enem, erros em folhas de respostas, vazamento do tema da redação e também de dados de inscritos de três edições.

Soares havia assumido a vaga aberta por Reynaldo Fernandes, que se desligou do instituto após o roubo da prova da gráfica onde era impresso, em 2009 - vazamento alertado ao MEC pelo Estado. O Enem foi cancelado e reaplicado meses depois.

O mais cotado para assumir a presidência do Inep é o atual secretário de Educação Superior (Sesu), Luiz Cláudio Costa. Segundo o Estado apurou, o anúncio só dependeria de a pasta encontrar um nome para substituí-lo na Sesu.

'Energia.' O MEC também confirmou ontem a demissão da secretária de Educação Básica, Maria do Pilar Lacerda. A área é apontada por especialistas a que mais precisa de atenção do novo ministro. No microblog Twitter, a ex-secretária afirmou que César Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), assume seu lugar. Por meio de sua conta na rede social, ainda desejou sorte ao suposto substituto. "Daqui a pouco, primeira reunião de transição com o novo secretário de Educação Básica, César Callegari. Desejo sorte, energia e bom humor!" Apesar da mensagem, o ministério não confirmou a nomeação.

O comando de outras secretarias do MEC também deve passar por mudanças, como o próprio ministério adiantou ontem. Entre os cotados para deixarem o MEC estão Eliezer Pacheco (Educação Profissional e Tecnológica) e Carlos Augusto Abicalil (Articulação com os Sistemas de Ensino).