Título: Rebelo responsabiliza antecessor por estatal que não saiu do papel
Autor: Fabrini, Fábio ; Dandrade, Wladimir
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2012, Nacional, p. A6

Ministro do Esporte diz que, quando assumiu, as decisões já estavam tomadas; consultoria recebeu R$ 4,6 milhões

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B), responsabilizou a gestão de seu antecessor, Orlando Silva, por criar e extinguir a Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016. "Quando eu cheguei ao Ministério do Esporte, a decisão já estava tomada", explicou.

Questionado sobre reportagem publicada na edição de ontem do Estado, mostrando que a pasta pagou, sem licitação, R$ 4,65 milhões para a Fundação Instituto de Administração (FIA) ajudar no nascimento da estatal, extinta antes mesmo de funcionar, ele se esquivou: "Não estava no ministério quando houve a decisão de fazer a estatal e nem estava quando houve a decisão de extingui-la. Essa explicação está no âmbito daqueles que tomaram as duas decisões."

Orlando Silva, correligionário de Aldo Rebelo, pediu demissão em 2011 após denúncias de suposto envolvimento em desvio de recursos de verbas públicas destinadas a ONGs conveniadas ao Ministério do Esporte.

Aldo Rebelo, que ontem vistoriou as obras do estádio Itaquerão, acompanhado do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), salientou que a contratada não tem culpa no episódio.

Segundo ele, a FIA prestou os serviços, o que justificaria os repasses para a entidade. "O governo decidiu constituir a empresa para a Olimpíada de 2016 e, depois, decidiu extingui-la. Só que a consultoria trabalhou para organizar e construir essa empresa", argumentou.

Criada por decreto em agosto de 2010, a Brasil 2016 foi incluída um ano depois no Plano Nacional de Desestatização (PND) para ser liquidada. Como mostrou o Estado, o Ministério do Esporte fez um total de dez pagamentos à FIA, cinco dos quais após a decisão de não levá-la adiante.