Título: Feira pode abolir plástico e fornecer biodegradável
Autor: Ninni, Karina
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2012, Vida, p. A16

Depois dos supermercados, as feiras livres podem também abolir as sacolas plásticas na capital paulista. Mas, ao contrário dos mercados, é possível que os feirantes distribuam de graça as biodegradáveis para o consumidor. Quem afirma é o presidente do Sindicato dos Feirantes de São Paulo, José Torres Gonçalves.

"Ainda não temos prazo para a implementação da medida, primeiro temos de falar com o consumidor. Mas não vamos vender sacolinha. Vamos fornecer, de graça, a biodegradável", diz ele, que garante a adesão de 90% dos associados. "Para nós, é um desperdício: o material é caro e não retorna", diz Gonçalves.

O presidente da Plastivida, Miguel Bahiense, diz que a ideia de distribuição gratuita é absurda.

"Não existe matéria-prima para suprir o mercado brasileiro com biodegradáveis. O Brasil usa, todo ano, 120 mil toneladas de polietileno de petróleo para fazer sacolas. No mundo todo, a quantidade de plástico biodegradável produzida não passa de 70 mil toneladas", argumenta.

Ele afirma que São Paulo consome 40% das 120 mil toneladas de plástico usadas como sacolas. "Hoje só há biodegradáveis nos supermercados porque eles fizeram estoque. Daqui a 40, 50 dias, vai começar a faltar."

Cobrança. Embora a lei paulistana do fim das sacolas tenha sido julgada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de SP, o acordo voluntário entre governo do Estado e Associação Paulista de Supermercados (Apas) pode alastrar a "guerra" às sacolas para outros segmentos - e a inevitável cobrança pelas sacolinhas.

"Há quatro anos tentamos substituir as sacolas plásticas nas padarias, sem sucesso. O consumidor não lembrava de trazer a retornável", diz Antero Pereira, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de São Paulo. "A orientação é só dar a sacolinha quando o cliente pedir. Mas não descarto a possibilidade de cobrar por elas."

Dúvidas. Valquíria Furlani, assessora jurídica do Sindilojas, diz que hoje, dos 90 atendimentos diários que faz a associados, 50% são ligações sobre o acordo da Apas. "Os lojistas acham que também têm de abolir as sacolas. Isso deveria ter sido mais esclarecido junto à população", opina.