Título: Taxas de juros se ajustam a ciclo mais forte de corte da Selic
Autor: Rodrigues, Márcio
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2012, Economia, p. B9

Aespera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), ontem, foi bem movimentada nas mesas de negócios. Os juros futuros trabalharam em queda o dia todo em meio à aposta inabalável de corte de 0,50 ponto porcentual , trazendo a taxa Selic para 10,5% ao ano, e com a possibilidade de um ciclo mais intenso de queda de juros voltando a ganhar adesões. O mercado passou a vislumbrar outro corte de meio ponto na taxa básica de juros em março. A expectativa era de que o comunicado do encontro forneçeria pistas sobre o cenário futuro para os juros.

Houve rumores de que o governo dava como certo o corte de 0,50 ponto, em linha com o mercado, mas que teria reafirmado sua disposição em reforçar o corte do Orçamento de 2012 para possibilitar a continuidade da redução da taxa Selic. Além disso, as pessoas físicas, que têm mostrado precisão nas apostas que fazem sobre o rumo da política monetária, aumentaram, de segunda para terça-feira, a posição vendida em taxa no mercado futuro. Por fim, o IPC-Fipe ficou abaixo da mediana e trouxe algum alívio.

O mercado de dólar não deixou por menos e teve uma tarde agitada. A moeda norte-americana renovou sucessivas mínimas, na esteira do fortalecimento do euro, que voltou à casa de US$ 1,28. A moeda europeia foi impulsionada pelo bem-sucedido leilão de bônus de Portugal e pela informação do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que precisa elevar sua capacidade de empréstimos em US$ 500 bilhões para resgatar países da zona do euro em dificuldades. Assim, o dólar caiu pelo terceiro dia, cotado a R$ 1,7650 (-0,68%) no balcão. Com esse desempenho, a moeda ampliou a desvalorização no mês e ano para 5,56%.

Segundo apurou a Agência Estado em Brasília com fonte do governo, a queda recente da divisa dos EUA elevou a preocupação do Ministério da Fazenda sobre o rumo do câmbio e a equipe econômica estaria estudando novas medidas cambiais para conter a desvalorização da moeda.

A notícia sobre o FMI renovou o ânimo na Bovespa, que transpôs um novo patamar, dos 61 mil pontos, o que não ocorria desde o início de julho do ano passado. A alta de Petrobrás e dos papéis do setor financeiro ajudaram a ancorar a alta de 1,78% do Ibovespa, aos 61.722,86 pontos - na máxima do dia. No exterior, as bolsas norte-americanas registraram ganhos, enquanto que na Europa fecharam com sinais mistos, pressionadas pelas dúvidas em relação ao destino da Grécia.