Título: Teste genético deve ficar pronto em junho
Autor: Bassette, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2012, Vida, p. A26

Pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo coletou amostras de pele da população de Araras para identificar o gene 'doente'

Um exame genético capaz de apontar quem são as pessoas que têm xeroderma deve ficar pronto até o meio do ano, graças a uma pesquisa conduzida pelo Laboratório de Reparos do DNA da Universidade de São Paulo. Para isso, o biólogo, pesquisador e professor da USP Carlos Frederico Martins Menck coletou pequenas amostras de pele de três pessoas da comunidade de Araras que têm a doença para fazer exames e tentar descobrir qual é o gene que está causando a mutação nas famílias.

As amostras de pele foram retiradas de regiões sem exposição à luz solar: embaixo do braço, na região da virilha e das nádegas. Era preciso estudar as células saudáveis para entender o que acontece com as outras células. "A gente praticamente já sabe qual é o gene que está alterado nessas famílias. Meu compromisso é ter isso pronto até junho."

O corpo humano tem cerca de 25 mil genes - 8 deles estão associados ao xeroderma. Basta que a pessoa herde do pai e da mãe um desses genes conhecidos para que a doença se manifeste.

O teste genético deverá ser feito por meio de um exame de sangue. A ideia é aplicá-lo primeiro nas 23 pessoas que manifestaram a doença e depois em outros membros da comunidade, especialmente nos que estão em idade fértil e pensam em se casar e ter filhos.

Outros casos. Menck pesquisa o xeroderma há mais de 30 anos, mas só soube do caso da comunidade de Araras há pouco mais de um ano. Segundo o pesquisador, no Brasil há outros casos esporádicos registrados de pessoas com a doença, mas nada na mesma proporção da cidadezinha goiana.

No mundo há registros de xeroderma em uma comunidade de índios na Guatemala (que não chega a dez pessoas) e em uma população de negros que vivem em uma ilha. Segundo Menck, são cerca de 20 pessoas doentes numa população de 100 mil habitantes. Em Araras são 23 em uma população de 1 mil.

"O que existe em Araras é uma frequência extremamente alta da doença e essas pessoas precisam de ajuda urgentemente. São pessoas especiais, com uma doença especial", afirmou o pesquisador. / F.B.