Título: PDVSA não consegue garantias para a parceria com Petrobrás em refinaria
Autor: Gonçalves, Glauber
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2012, Economia, p. B5

Para ficar com 40% do capital, venezuelana tinha até dia 31 de janeiro para entregar documentação ao BNDES; 50% da obra está pronta

A PDVSA avisou ontem oficialmente à Petrobrás que não conseguiu concluir a comprovação das garantias exigidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a sua entrada no projeto da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. A carta encaminhada à Petrobrás é mais um revés na novela que se tornou a entrada da venezuelana como sócia na construção da refinaria, negociada desde 2005.

Sem revelar muitos detalhes do documento, o diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, adiantou que a PDVSA não pediu adiamento de prazo para entrega da documentação, que se encerrou em 31 de janeiro. Porém, deixou uma porta aberta para futuros acordos, já que não manifestou interesse em abandonar o projeto.

"Só há dois caminhos a seguir, ou se prorroga o prazo ou se cancela (a parceria)", disse Costa, prometendo uma decisão nos próximos dias. "Talvez cinco dias", estimou.

Para entrar de vez no projeto e ficar com 40% do capital da refinaria, a PDVSA precisa da aprovação do BNDES para as garantias oferecidas para que ela assuma o pagamento de parte do empréstimo de R$ 10 bilhões tomado pela Petrobrás para tocar a primeira parte das obras.

Segundo Costa, o BNDES já deu sinal verde às entidades bancárias apresentadas pela PDVSA, mas ainda faltaria apresentar a documentação referente às garantias. "Isso (o primeiro aval do banco) não é suficiente. É preciso fechar os contratos", disse.

Se a Petrobrás decidir por prorrogar o prazo dado à PDVSA, numa segunda etapa a empresa venezuelana teria de ressarcir a estatal em dinheiro pelo valor já aportado no início das obras, antes da liberação do financiamento do BNDES. Nessa conta entram os montantes que a Petrobrás desembolsou em janeiro e fevereiro deste ano, após o fim do empréstimo, no mês anterior.

Sem demonstrar preocupação com a não entrada da PDVSA no negócio, Costa disse que, se preciso, a Petrobrás vai concluir a planta sozinha. "Nós precisamos da refinaria. Estamos com 50% dela pronta e vamos concluí-la. Agora, se a PDVSA entrar, será muito bem vinda", declarou.

Segundo Costa, 50% das obras da refinaria de Abreu e Lima já estão concluídas. A previsão de entrega do empreendimento no ano que vem está mantida, assegurou o executivo, ressaltando que a única coisa que pode atrapalhar o projeto são as chuvas. "Se a meteorologia não for desfavorável, estamos perseguindo junho de 2013"

Refino. A Petrobrás prevê que suas refinarias fecharão 2012 com uma produção diária média superior a 1,9 milhão de barris, afirmou ontem Costa. O número é superior ao 1,850 milhão de barris registrado em 2011.

"A eficiência operacional das unidades está muito alta e tenho menos paradas programas de manutenção", disse o executivo ao elencar os fatores que levarão a uma produção maior este ano. De acordo com ele, a média de refino desde janeiro está acima de 1,9 milhão de barris/dia. Segundo ele, o nível de utilização das refinarias é recorde.

Costa informou que a média diária de importação de gasolina desde o começo do ano está em 80 mil barris por dia. O volume é superior à média de 45 mil barris/dia de 2011, mas está abaixo dos picos de 100 mil barris/dia registrados no fim do ano passado.