Título: Tesouro deve reduzir aportes ao BNDES
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2012, Economia, p. B4

Banco recebeu ontem R$ 10 bilhões, última parte dos R$ 55 bilhões previstos no ano passado; próximo aporte ainda está indefinido

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recebeu ontem R$ 10 bilhões referentes à última parte do aporte de R$ 55 bilhões que o Tesouro Nacional preparou para a instituição em 2011. Como nem todo o recurso foi utilizado no ano passado e o governo já estuda onde poderá cortar gastos este ano, as emissões para o banco deverão ser menores em 2012.

Na quarta-feira, o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho, disse que a instituição não tem um quadro definido em relação às necessidades de empréstimo para 2012. Segundo ele, porém, as negociações com o Tesouro já começaram, e a intenção é ampliar a parcela de recursos destinada ao banco.

O governo promete que a fonte de financiamento não vai secar, mas as empresas que planejam ampliar sua produção e pretendem buscar financiamento no banco de fomento estatal certamente deverão participar de uma "concorrência maior" pelos recursos.

A possibilidade de uma nova rodada de injeção de recursos no BNDES para garantir um dinheiro para empréstimos às empresas está no radar. Não há definições, no entanto, de acordo com um técnico do governo, sobre quando o próximo aporte sairá.

Escassez. De forma geral, a avaliação de que há escassez de crédito no mercado tende a fazer com que parte desse dinheiro fique disponível para quem não captar recursos no exterior.

No dia 3 de janeiro, o governo brasileiro emitiu, com sucesso, US$ 825 milhões em títulos no exterior. Na sequência, várias empresas e bancos, como Vale e Banco do Brasil, fizeram novas captações. Algumas gigantes, no entanto, ainda continuam fora dessa empreitada.

Os empréstimos do Tesouro para compor o fundo de financiamentos do BNDES somaram, desde 2008, um montante de R$ 257,5 bilhões. Do total, R$ 22,5 bilhões foram aprovados em 2008 e atingiram o patamar de R$ 100 bilhões em 2009. A partir daí, o total foi reduzido para R$ 80 bilhões, em 2010, e R$ 55 bilhões no ano passado.

A fartura foi maior durante a crise passada, com o governo procurando incentivar a economia doméstica, com o objetivo de criar uma redoma para proteger o País de um possível contágio da turbulência que atingiu seu ápice em setembro de 2008, com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers.

O dinheiro garantido no ano passado teve o aval do Congresso e foi colocado à disposição do BNDES da seguinte forma: R$ 30 bilhões repassados em junho e outros R$ 15 bilhões no fim de 2011.

"Os R$ 10 bilhões que restam em relação ao que foi autorizado pela lei estavam previstos para serem emitidos em janeiro de 2012 e ocorreram agora", disse uma fonte.

Na operação divulgada ontem, foram emitidos 10,9 mil títulos, divididos entre papéis prefixados (LTN e NTN-F) e indexados à taxa de inflação (NTN-B). Os vencimentos começam em janeiro de 2016 e vão até 15 de agosto de 2050.