Título: Produto idêntico foi vendido na Europa
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2012, Vida, p. A12

As fraudes envolvendo os implantes de silicone da marca francesa PIP podem ser mais graves que o imaginado. Autoridades de Chipre e da Holanda investigam o uso desses produtos, vendidos pela Rofil Medical sob a marca M-implants. Pelo menos até 2009, os produtos das duas empresas eram idênticos, ambos de má qualidade, segundo o Ministério da Saúde do Chipre.

A relação entre as duas marcas vem sendo investigada por autoridades dos dois países, que suspeitam do fabricante Rofil Medical, registrado na ilha europeia, mas que operava comercialmente a partir da Holanda. Para o ministério cipriota não há dúvidas de que os produtos fabricados pela PIP em Seine-sur-Mer, no sul da França, eram idênticos aos M-implants.

Não apenas o gel interior não era silicone médico, mas os invólucros também eram idênticos. "M-implants são os mesmos fabricados pela PIP, renomeados e vendidos por uma companhia registrada em Chipre que operava na Europa", afirmou há dez dias o ministro da Saúde da ilha, Stavros Malas. A revelação levou a Inspetoria de Saúde (IGZ), agência de regulação holandesa, a advertir cirurgiões plásticos do país sobre os implantes fraudulentos das duas marcas.

Em 2009, a Rofil Medical Nederland foi à falência. Há um ano, foi recriada pelos mesmos proprietários com o nome Rofil Medical Implants. Os produtos das duas, porém, são diferentes. Os vendidos nos últimos dois anos não seriam clones da PIP e até foram certificados pela Sociedade Nacional de Certificação e Homologação, de Luxemburgo.

Contatada ontem pelo Estado, a direção não se manifestou sobre as suspeitas envolvendo as duas companhias. Ao jornal Cyprus Mail, os proprietários informaram que compram próteses da Hans Biomed, da Coreia do Sul. Enquanto a investigação prossegue, as autoridades de Chipre - que proibiu a venda da marca -, Holanda, Grã-Bretanha e outros países aconselham mulheres que portem próteses M-implants a procurarem seus médicos para exames.

O novo escândalo médico também envolve o Brasil. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica estima que 15 mil próteses da marca Rofil foram vendidas no País.