Título: Dilma defende ousadia e disciplina na economia
Autor: Brito, Ricardo ; Vianna, Andrea Jubé
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2012, Economia, p. B5

Em mensagem ao Congresso Nacional, presidente diz que expansão do PIB em mais um ano de crise global depende dessas duas características

A presidente Dilma Rousseff acredita que a instabilidade do cenário internacional exigirá "disciplina e ousadia" na gestão da economia brasileira este ano. O recado consta da mensagem enviada ontem ao Congresso Nacional para a sessão de abertura dos trabalhos legislativos.

Na avaliação da presidente, a disciplina será necessária para assegurar a "solidez" dos fundamentos macroeconômicos. Para isso, Dilma defendeu que o governo terá de cumprir a meta fiscal estabelecida para o ano, manter "atenção constante" sobre a inflação e seguir no trabalho de reduzir a relação entre o tamanho da dívida pública e o total de riquezas produzidas pelo País, o Produto Interno Bruto (PIB).

A ousadia será usada para que o governo consiga adotar "todas as medidas" necessárias para garantir o crescimento da produção no País e proteger a indústria nacional.

A presidente citou o reajuste do salário mínimo e a correção de 4,5% da tabela do Imposto de Renda como ações já adotadas pelo governo que vão na direção da garantia da continuidade de crescimento.

Defesa Comercial. O tom protecionista que marcou o primeiro ano do governo também estará presente em 2012. "Avançaremos ainda mais no aprimoramento de nossas políticas de defesa comercial, para garantir que nossa indústria não seja submetida a práticas concorrenciais desleais, que podem colocar em risco o emprego e o próprio crescimento brasileiros", afirmou a presidente na mensagem.

Para Dilma, a "estratégia" para 2012 será continuar fomentando um "crescimento vigoroso" da economia, lastreado em cinco pilares: estabilidade macroeconômica, redução das desigualdades, qualificação da força de trabalho, estímulos à inovação tecnológica e investimentos em infraestrutura.

Para retomar o discurso de necessidade de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Dilma afirmou que a crise financeira internacional é um exemplo de que "a concentração do processo decisório nas mãos de poucos é inadequada". Segundo a presidente, sem a participação dos países do G20, "os desequilíbrios globais não serão resolvidos".

No dia da queda do sétimo ministro envolvido em irregularidades, o documento encaminhado ao Congresso pelo Palácio do Planalto omitiu o enfrentamento da corrupção e a "faxina ministerial" que marcaram o primeiro ano do governo Dilma e causaram turbulências na base aliada.

O recado presidencial acabou ofuscado pela queda do ministro Mário Negromonte, das Cidades, que será substituído pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), do mesmo partido que ele, o PP.

No ano passado, seis ministros foram trocados após uma sucessão de denúncias de irregularidades e uso indevido da máquina pública.

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