Título: Fundação foi pivô da queda de ex-ministro do Trabalho
Autor: Saldaña, Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2012, Vida, p. A24

Funcer é ligada a ONG que teve repasses suspeitos; escândalo causou a demissão de Carlos Lupi (PDT)

A Funcer é presidida por Adair Meira, dono da Fundação Pró-Cerrado - ONG com contratos suspeitos com o Ministério do Trabalho. A organização, que recebeu repasses de R$ 13,9 milhões da pasta, foi pivô do escândalo que valeu o cargo do então ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT). Um voo que Lupi fez a bordo do avião de Meira desmentiu a versão do ministro de que ele não conhecia o empresário.

Em 2003, o Ministério Público determinou a intervenção da Funcer por conta de corrupção. Em 2010, um interveniente acabou afastado pelo mesmo motivo: suspeita de fraude.

A Funcer, que segue sob intervenção, nega que haja irregularidade no convênio de R$ 10 milhões. Meira não foi encontrado pela reportagem.

De acordo com o professor Antonio Fernandes Junior, que dirigia a Funcer no ano passado e faz parte da Pró-Cerrado, o valor está em uma conta, aguardando liberação. "Acontece que, com a troca de governo (quando Marconi Perillo assumiu, em 2011), novos membros da Controladoria-Geral do Estado argumentaram contra o governo", defende ele. "É uma guerra política."

A representação do MP cita outras irregularidades. Em um dos casos, a universidade subcontratou a Funcer para a realização de um concurso público da Saneago, companhia de saneamento de Goiás. Teria deixado de repassar R$ 662 mil, referentes a 90% do valor das inscrições.

A UEG também permitiu que a fundação utilizasse infraestrutura e recursos humanos para execução de contratos e convênio. "Ficando a cargo da Funcer apenas a movimentação financeira", como cita a representação do MP. / P.S.