Título: Desemprego nos EUA recua para 8,3%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2012, Economia, p. B10

Taxa atinge menor nível desde fevereiro de 2009; queda do índice, que estava em 9,1% em agosto do ano passado, ajuda reeleição de Obama

A taxa de desemprego nos Estados Unidos caiu para 8,3% em janeiro, o menor nível desde fevereiro de 2009. O dado veio melhor do que as estimativas dos economistas, que previam que a taxa ficaria estável em 8,5%.

A queda do desemprego - que diminuiu de 9,1% desde agosto do ano passado - foi causada em boa parte por um crescimento genuíno na quantidade de empregos, e não por uma redução da força de trabalho, segundo o relatório do Departamento do Trabalho. Já o número de pessoas sem emprego caiu para 12,8 milhões em janeiro - o menor nível em três anos.

O Departamento de Trabalho informou ainda que a economia dos Estados Unidos criou 243 mil empregos em janeiro. O dado foi muito melhor do que o previsto pelos economistas ouvidos pela Dow Jones, que esperavam criação de 125 mil vagas. É o maior ganho desde abril do ano passado.

O relatório também mostrou que a criação de empregos em novembro e dezembro foi maior do que o informado inicialmente, com a economia gerando 60 mil vagas acima do que tinha sido estimado. O dado de dezembro foi revisado para criação de 203 mil vagas, ante leitura original de 200 mil. E o dado de novembro foi revisto para 157 mil, de 100 mil.

Os ganhos no mercado de trabalho refletem a crescente confiança entre as empresas privadas, que novamente foram as responsáveis pela criação de empregos. O setor privado criou 257 mil postos de trabalho no mês passado. Enquanto isso, houve um corte de 14 mil vagas no setor público - que inclui os governos federal e locais.

Em um sinal positivo para os trabalhadores americanos, os ganhos médios por hora trabalhada subiram US$ 0,04, para US$ 23,29. Entretanto, os salários avançaram apenas 1,9% na comparação com janeiro do ano passado, abaixo da inflação calculada no período.

Os ganhos de vagas ocorreram em todos os setores. A indústria de serviços profissionais e empresariais criou 70 mil vagas, com a ajuda de um aumento na contratação de trabalhadores temporários. O setor manufatureiro criou 50 mil empregos.

Obama. Após a divulgação da queda da taxa de desemprego pelo Departamento do Trabalho, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a economia do país está "ganhando velocidade" e cobrou que o Congresso não "atrapalhe" a recuperação.

"Esta manhã nós recebemos mais boas notícias sobre nossa economia", comentou o presidente. Segundo ele, a taxa de desemprego pode subir ou cair nos próximos meses, mas "o importante é que a economia está ficando mais forte, a recuperação está ganhando velocidade".

A queda no desemprego, embora seja boa para toda a economia, é uma ótima notícia para Obama, que está em plena campanha para se reeleger.

Os possíveis candidatos republicanos à presidência têm centrado suas estratégias no ataque às política econômicas de Obama, afirmando que elas prejudicaram a economia.

"Existem notícias boas nesse último relatório sobre o mercado de trabalho, já que mais americanos encontraram um emprego no mês passado. Mas o fato é que nossa taxa de desemprego continua alta demais. Nossa economia ainda não está criando empregos da forma que deveria, e é por isso que nós precisamos de uma nova postura", afirmou, em comunicado, o presidente da Câmara dos Representantes, o deputado republicano John Boehner (de Ohio).

Já Obama criticou os republicanos, afirmando que o Congresso precisa aprovar, "sem drama", a prorrogação de um corte no imposto sobre a folha de pagamento, que expira no fim deste mês. "Eu quero mandar uma clara mensagem para o Congresso. Não desacelere a atual recuperação. Não a atrapalhe."

O debate para a extensão do corte no imposto sobre a folha de pagamento dividiu o Congresso no fim do ano passado. Após muita negociação, os parlamentares estenderam o corte até fevereiro, e agora discutem uma nova prorrogação. / DOW JONES NEWSWIRES