Título: Brasília não tem projeções para 2012 por cenário complicado
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2012, Economia, p. B1

Para governo, existe uma "total diferenciação" nas expectativas do mercado; já a AEB prevê superávit de US$ 3 bilhões

O governo mostrou que está no escuro em relação ao rumo da economia mundial em 2012 e, por isso, preferiu não definir uma meta para as exportações brasileiras, como costuma fazer todos os anos. A justificativa dada pelo secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, foi a de que o cenário internacional está "muito complicado".

Para ilustrar a decisão, o secretário mencionou que existe uma "total diferenciação" das projeções para as exportações no mercado. Como exemplo, citou que o Banco Central prevê expansão de 4,3% e que a indústria projeta alta de 7,4%. Já os exportadores preveem queda de 7,4%, enquanto as estimativas dos bancos privados vão desde uma queda de 7% até uma alta de 5%.

Segundo o secretário, o perfil do câmbio "certamente será melhor em 2012" do que foi em 2011. No material de divulgação do MDIC, há a premissa de que o dólar será cotado acima de R$ 1,80 este ano. Teixeira também disse acreditar que as commodities estarão menos sujeitas à queda de preços este ano.

Entre os pontos negativos para a balança comercial, Teixeira disse que a maior preocupação é a guerra cambial. Ele também mencionou a expectativa de baixo crescimento dos EUA, da União Europeia e a menor expansão da China. Outro temor do secretário é com a escassez do crédito internacional.

AEB. A repetição de um largo superávit comercial em 2012 está fora de cogitação nas projeções da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). A previsão é de que o valor corresponda a um décimo do registrado no ano passado e não está descartada a possibilidade de déficit, dependendo do comportamento dos preços das commodities. O País ficará à mercê da variação das cotações, que em 2011 garantiram o resultado positivo, mas que não devem repetir o desempenho este ano, na avaliação de José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB.

Cético em relação a uma mudança na estrutura da pauta exportadora brasileira em decorrência de eventuais medidas fiscais do governo, ele prevê a manutenção da hegemonia dos produtos básicos em relação aos manufaturados. "Em 2012, o cenário deve mudar. Pelos dados divulgados, verifica-se que 90% das nossas commodities já tiveram queda de preço, sendo que o minério de ferro é a que tem mais destaque." A expectativa para este ano é de uma queda das receitas com as vendas externas do produto, o principal da pauta brasileira, para US$ 33,6 bilhões, ante US$ 41 bilhões em 2011. "Minha previsão para 2012 é de superávit de US$ 3 bilhões. / CF e GLAUBER GONÇALVES