Título: Reservas fecham o ano com mais US$ 63,4 bi
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2012, Economia, p. B1

O Banco Central manteve a estratégia de reforçar as reservas internacionais e o montante cresceu 22% no decorrer de 2011 na comparação com o ano anterior. Dados divulgados ontem mostram que o total de dólares mantido pelo governo brasileiro saltou de US$ 288,6 bilhões no fim de 2010 para US$ 352 bilhões na última sexta-feira, com aumento de US$ 63,4 bilhões.

Esse foi o 11.º ano consecutivo de aumento das reservas brasileiras, já que o montante avança ininterruptamente desde 2001. Nesse período, o valor saltou impressionantes 966,3% e aumentou mais de dez vezes.

A acumulação de tantos dólares é positiva do ponto de vista estrutural porque dá mais segurança ao país em casos de turbulência econômica, já que o governo tem dólares para usar em caso de emergência. Mas essa espécie de "seguro" é caro. Estudo recente do banco Credit Suisse mostra que o custo de manter as reservas por um ano equivale a 2,7% do tamanho da economia, ultrapassado R$ 100 bilhões. O valor é comparável à economia que o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) faz anualmente para pagar os juros da dívida pública.

O custo existe porque, para comprar dólares das reservas, o governo precisa ter reais na mão. Para conseguir esse dinheiro, o Tesouro aumenta a dívida pública em moeda nacional ao emitir títulos que pagam juro da taxa Selic, hoje de 11% ao ano. Com os reais, o BC compra dólares e investe o dinheiro em títulos (o governo americano oferece juro próximo de 2% nas notas de dez anos). A diferença entre as taxas, em torno de 9% ao ano, é o custo de manter dólares no cofre.