Título: Virando o jogo na própria China
Autor: Pompeu, Carmen
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2012, Economia, p. B4

Se você não pode vencê-los, junte-se a eles. A máxima popular inspirou uma das maiores redes brasileiras do varejo de confecções, o grupo cearense Esplanada, que tem os olhos focados na economia brasileira e os pés plantados na da China. Há vários anos, pressentindo os efeitos que o baixo custo da produção industrial do gigante asiático provocaria no mundo - a inundação de produtos a preços muito baixos -, Deib Otoch e seus filhos Deib Júnior e Ronaldo decidiram abrir um escritório na toca do leão.

Sua representação na China é a responsável pela seleção de grande parte do que as 48 lojas do grupo vendem hoje em todo o País.

Deib Otoch Júnior revela que negociar com os chineses "é uma bela arte, um exercício de boa paciência". Impressionado com o crescimento vertiginoso da China, Deib Júnior considera que o Brasil só terá chance de enfrentar com êxito a concorrência asiática "se fizer uma reforma tributária que desonere a produção e estimule as atividades que geram emprego e renda; com a atual carga tributária, é difícil concorrer com os chineses".

Até lá, a criatividade e o tino comercial cearenses, povo considerado o judeu brasileiro tanto pelo seu caráter migratório como comercial, tentam virar o jogo. Dessa forma, o segmento mais prejudicado com a invasão dos produtos asiáticos passou a enxergar oportunidades nessa relação. O empresariado cearense planeja ganhar muito dinheiro exportando lingerie para os chineses.

De acordo com o industrial Ivan Bezerra Filho, da TBM, na China existe uma demanda crescente por lingeries.

Ele acredita que a capacidade de produção do Ceará pode ser ampliada ainda mais para suprir parte desse nicho de mercado.

Mesmo em crise, o Ceará está entre os Estados que mais exportaram tecidos e confecções para o exterior, atrás apenas de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Santa Catarina e Paraná. / C.P.