Título: Funções cerebrais começam a se deteriorar a partir dos 45 anos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2012, Vida, p. A17

Estudo feito por uma década com mais de 7 mil pessoas observa perda de funções cognitivas antes do imaginado

Perdas de memória e outras funções cerebrais podem começar a partir dos 45 anos, dizem pesquisadores no British Medical Journal. A descoberta representa um desafio aos cientistas que buscam combater a demência.

A conclusão é de um estudo que durou mais de uma década e teve a participação de mais de 7 mil funcionários públicos britânicos. O achado contradiz noções prévias de que o declínio das funções cognitivas começaria apenas após os 60 anos.

Determinar a idade do início dessa deterioração é importante porque as drogas têm maior probabilidade de funcionar quando dadas assim que os primeiros problemas se manifestam.

Novas drogas para Alzheimer, a demência mais comum, estão em fase de testes clínicos, mas as expectativas são baixas. Especialistas temem que esses remédios estejam sendo testados em pacientes velhos demais para se beneficiarem de seus efeitos.

Os pesquisadores, do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Saúde da População, na França, e da University College London, na Grã-Bretanha, observaram um pequeno declínio no raciocínio de homens e mulheres com idades entre 45 e 49 anos. "Não estávamos esperando declínio algum", afirmou o líder do grupo, Archana Singh-Manoux.

Entre os mais velhos, o declínio médio foi maior, mas em todas as idades foi observada grande variação na extensão dessa perda. Dos indivíduos entre 45 e 70 anos, um terço não mostrou deterioração cerebral.

Durante os dez anos da pesquisa, mulheres e homens de 45 a 49 anos tiveram declínio mental médio de 3,6%, enquanto nas pessoas de 65 a 70 anos, esse índice era de 9,6% para homens e 7,4% para mulheres. Como o mais jovem participante tinha 45 anos, é possível que o declínio na cognição possa ter começado mais cedo. Singh-Manoux também lembrou que os resultados podem ser piores ao se testar a população em geral, já que os voluntários tinham hábitos saudáveis e classe social razoavelmente elevada. / REUTERS