Título: Grécia fecha acordo para novos cortes, mas não garante socorro financeiro
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2012, Economia, p. B1

Como exigido pelos credores internacionais, os líderes políticos em Atenas chegaram a um acordo sobre um novo pacote de austeridade na esperança de desbloquear um resgate internacional de 130 bilhões, depois de sete meses de negociações.

A iniciativa abre as portas para salvar a Grécia de um calote desordenado e o euro de uma crise. Mas o acordo ainda não foi suficiente para que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) dessem sinal verde para o pacote de ajuda.

Pressionada pela Alemanha, Bruxelas alega que precisa agora de garantias de que o plano será implementado, uma tarefa que muitos na União Europeia suspeitam que nunca vai ocorrer.

O novo pacote de austeridade cortará 3,3 bilhões em 2012 - 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) - e outros 10 bilhões do orçamento até 2015. Na Grécia, também foi recebido com resistência. Sindicatos prometem uma "revolta social" e três dias de ocupação na principal praça de Atenas, enquanto membros do governo pedem demissão em protesto ao acordo.

Nos últimos dias em Bruxelas, políticos já não disfarçavam o desespero. Com eleições em menos de três meses na Grécia, todos os partidos políticos gregos queriam sair da negociação sobre o pacote com a imagem daquele que havia protegido o já combalido trabalhador grego contra os credores internacionais. Em Bruxelas, a UE apelava para que os partidos gregos deixassem de fazer campanha.

Por quase uma semana, líderes dos principais partidos negociaram com a UE e com o FMI o pacote de austeridade, exigência da Alemanha e de outros países para liberar um segundo resgate para a Grécia. O entendimento veio no último minuto, apenas a tempo de o ministro de Finanças do país, Evangelos Venizelos, pegar um avião e desembarcar em Bruxelas para uma reunião com os demais ministros com o compromisso debaixo do braço.

Exigências. Para atender às condições de Bruxelas, o salário mínimo será reduzido em 22%, para 585, e 15 mil funcionários públicos serão demitidos em 2012. O FMI já admite que o novo pacote deve provocar mais uma contração do PIB grego, de mais 5%.

O impasse era a questão dos aposentados. Pela proposta da UE, as pensões de mais 1 mil sofreriam corte de 20%. As demais, de 15%. Isso permitiria uma economia de 300 milhões. Mas os partidos se recusaram a aceitar e a UE, para evitar um colapso no acordo, acabou dando aos gregos 15 dias para que apresentem uma alternativa de como fazer desaparecer 300 milhões do orçamento.

Se o dinheiro não for recebido até março, a Grécia vai decretar moratória, já que avisou que não tem 14 bilhões para honrar a parcela da dívida que vence no próximo mês.