Título: Sete Brasil precisará de aporte de US$ 27 bi para construir sondas
Autor: Durão, Mariana ; Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2012, Economia, p. B4

Empresa, que tem 10% de participação da Petrobrás, vai fornecer 28 sondas de perfuração para o pré-sal à estatal

A Sete Brasil, empresa de investimentos com 10% de participação da Petrobrás e foco no pré-sal, informou ontem que precisará de US$ 27 bilhões para construir as 30 sondas de perfuração para águas profundas em seu portfólio, 28 das quais já afretadas pela petroleira. Para isso, planeja um aumento de capital, cuja cifra será fechada neste trimestre, anunciou o presidente João Carlos Ferraz. A operação deve expandir os horizontes da Sete Brasil para além das sondas.

Apenas um ano após sua criação, os números da empresa são impressionantes. A companhia conseguiu assegurar contratos de US$ 75 bilhões com a Petrobrás para afretamento e construção de 28 sondas, sendo 21 delas anunciadas anteontem à noite.

Tem R$ 1,9 bilhão de capital subscrito. Deve fechar nas próximas semanas contratos para construção das 21 sondas com cinco estaleiros e já se associou a seis operadores. Os US$ 27 bilhões que investirá nas sondas até 2020 já têm fonte garantida: metade virá do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante de bancos privados, sócios e agências internacionais.

Sua certeza de sucesso é tamanha que, mesmo antes de a Petrobrás fechar o contrato das 21 sondas, encomendou a construção de duas delas a estaleiros, por R$ 2,85 bilhões. Agora, com o aumento de capital provavelmente de cifras bilionárias, pretende expandir a atuação.

"Queremos participar dessa oportunidade gigantesca que é o pré-sal. Estamos avaliando outros nichos", afirmou Ferraz, aposentado da Petrobrás. Navios de transporte e barcos de apoio estão no radar da empresa, criada para viabilizar o investimento bilionário da Petrobrás nos equipamentos do pré-sal.

O governo decidiu que as sondas deveriam ser construídas no Brasil para estimular a indústria naval local. A decisão levou oito investidores a se unirem para criar a Sete Brasil: Petrobrás, Petros, Previ, Funcef, Valia, Santander, Bradesco e o BTG Pactual.

Ferraz assegura que os contratos com a Petrobrás de taxa média de US$ 530 mil por dia de aluguel estão em linha com os preços internacionais e garantirão 62% de conteúdo local médio, gerando empregos no País. Ele não vê problema na crítica de concorrentes de que parte dos estaleiros será construída junto com as sondas, com risco de atraso. "Há multa considerável", diz ele sobre atrasos, sem revelar valores. As sondas precisam ser entregues entre 2015 e 2020.

Ontem, o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, afirmou em sua última entrevista à frente da empresa que pretende dobrar para 20, neste ano, as sondas em operação no pré-sal da Bacia de Santos.

Gabrielli comemorou o fato de a empresa ter fechado nesta semana uma encomenda de sondas maior que a programada, levando 26 (21 com Sete e 5 com a Ocean Rig) para explorar o pré-sal. Ele lembrou que em 2006 havia apenas duas sondas com capacidade para atuar a mais de 2 mil metros de profundidade em operação no País e agora, apenas no Brasil, serão construídas 33.