Título: Zetas já são o maior cartel do México
Autor: Dias, Cristiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2012, Internacional, p. A13

Relatório de consultoria de segurança afirma que organização ultrapassou os rivais de Sinaloa

Os Zetas já são o maior cartel do México. Segundo relatório da consultoria de risco Stratfor, divulgado na semana passada, eles operam agora em 17 Estados, mais da metade do país, ultrapassando o cartel de Sinaloa, que atua em 16. Em 2011, os Zetas dominaram o Estado de Zacatecas e entraram em conflito com a máfia de Sinaloa em Durango e Jalisco.

Com base em dados oficiais, a Stratfor conclui que a violência não diminuiu em 2011. De janeiro a setembro do ano passado, 12,9 mil pessoas morreram em crimes ligados aos cartéis - 48 mortes por dia. O número é maior do que os 11,5 mil assassinatos registrados no mesmo período em 2010.

Para evitar críticas, o governo mexicano não divulgou as estatísticas do último trimestre, mas reconheceu que 47,5 mil pessoas já morreram desde que o presidente Felipe Calderón decretou guerra aos cartéis, em 2006.

Outra conclusão do relatório é que há uma tendência à polarização do crime no México entre as suas duas principais organizações. Bastante debilitados, os outros cartéis já se submeteram ao de Sinaloa, que domina o oeste mexicano, ou aos Zetas, que controlam o leste do país.

Cartéis como o de Tijuana e de Juárez, por exemplo, estão tão enfraquecidos que praticamente cederam todo o controle de suas cidades para o de Sinaloa. A submissão desses grupos é apontada como a principal causa da diminuição da violência em Ciudad Juárez e Tijuana. Do outro lado do país, o cartel do Golfo está pressionado pelos Zetas e também foi obrigado a forjar uma aliança com o de Sinaloa.

Hoje, 45 mil militares estão envolvidos em operações contra o tráfico no país. Embora seja apenas um quarto de todo o efetivo das Forças Armadas, o contingente representa o total das tropas prontas para combate. Ou seja, sem forças de reserva, é impossível Calderón ampliar a luta contra os cartéis mantendo a estratégia de militarização do conflito.