Título: PSD estreia em eleição com 270 prefeituras
Autor: Delgado, Malu
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2012, Nacional, p. A4

Levantamento mostra que a maioria das siglas perdeu prefeitos eleitos em 2008 após a criação do novo partido

A maioria dos grandes partidos brasileiros perdeu forças entre as eleições municipais de 2008 e 2012. O principal responsável pela redução dos quadros dos concorrentes é o recém-criado PSD. A sigla fundada em 2011 saltou de nenhum para 270 prefeitos em menos de um ano.

Quem sofreu as maiores baixas foi o DEM, que conquistou 500 municípios e hoje administra 395. O levantamento, da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), foi apresentado ontem, em Porto Alegre.

Os dados da CNM também indicam que, dos 5.563 prefeitos eleitos em 2008, 383 não estão mais no cargo.

Além do DEM, sofreram baixas o PMDB, que passou de 1.199 eleitos para os atuais 1.177 prefeitos; o PP, de 549 para 514; o PPS, de 135 para 116; o PR, de 388 para 360; o PSDB, de 789 para 736; o PTB, de 415 para 383; e o PDT, de 354 para 337, entre outros partidos com números menores. Ao mesmo tempo, o PSB aumentou o número de suas prefeituras (de 310 para 338), assim como o PT (de 553 para 564), e o PV (de 78 para 82).

"O PSD, com 270 prefeitos, já se aproxima de forças tradicionais", comentou o presidente da CNM, Paulo Roberto Ziulkoski, referindo-se a siglas como o PDT (337), o PSB (338), o PTB (383) e o próprio DEM (395). O dirigente municipalista lembrou ainda que, além das transferências para o PSD, outros fatores contribuíram para a formação do novo quadro das prefeituras. Entre eles estão 210 cassações, 29 opções por outros cargos, 21 renúncias, 18 afastamentos por doenças, 56 mortes e 38 motivos não informados.

Cassações. Durante os três anos das atuais gestões, um total de 210 prefeitos, quase 4% dos 5,5 mil do País, foram cassados, sendo 10 por crime de responsabilidade, 6 por crime comum, 37 por infrações administrativas, 48 por infrações à legislação eleitoral e 77 por ato de improbidade administrativa. Para os 32 restantes, não houve informação dos motivos.

O levantamento também cita os Estados de Minas Gerais e Piauí como os que mais tiveram prefeitos cassados, com 29 cada, seguidos pelo Paraná, com 14, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 12 cada. Lembra, no entanto, que proporcionalmente o Acre perdeu três de seus 22 prefeitos, quase um sexto do total.

Para Ziulkoski, esses números tendem a crescer ainda neste ano, à medida que novos processos forem julgados. O presidente da CNM acredita que o alto índice de cassações se deve a aperfeiçoamentos da legislação, à ampliação da presença dos órgãos de controle e à fiscalização cada vez maior da sociedade organizada.

Mas Ziulkoski faz uma reclamação. "Queremos que a lei seja aplicada a todos e que atinja os médios e grandes também", destaca, em uma referência ao rigor dos órgãos de controle, que seria maior com as pequenas prefeituras do que com as grandes e os governos estaduais.