Título: Estatal escapou dos ventos privatistas, afirma Dilma
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2012, Economia, p. B6

Presidente aproveitou para responder à briga entre petistas e tucanos sobre a privatização de três aeroportos

No discurso de posse de Maria das Graças Foster na Petrobrás, a presidente Dilma Rousseff aproveitou a presença de políticos da situação e da oposição e de alguns dos maiores empresários do País para fazer uma exaltação à condição da petroleira de maior estatal do País.

"A Petrobrás é poderosa em escala mundial e estratégica dentro do Brasil. Felizmente sobreviveu a todos os ventos privatistas e persistiu como empresa brasileira, sob controle do povo brasileiro e hoje fundamental em nosso modelo de desenvolvimento", afirmou a presidente.

As palavras de Dilma contra a privatização da Petrobrás soaram como uma resposta ao intenso embate travado na semana passada entre tucanos e petistas, depois do leilão de concessão de três aeroportos à iniciativa privada. O PSDB dizia que o PT capitulou e aderiu à privatização, enquanto os aliados de Dilma insistiam que nunca foram contra o modelo de concessão e que não se trata de venda do patrimônio da União.

Emoção. Um dos oito governadores presentes, o mineiro Antonio Anastasia, do PSDB, acompanhou o público nos aplausos que interromperam o discurso da presidente.

Dizendo-se "emocionada" com o fato de ser "a primeira presidenta de uma empresa de petróleo e gás no mundo", Dilma brincou: "Agora é tudo contigo, Graciosa". Graça riu, já recuperada das lágrimas que não conseguiu conter em seu discurso.

A nova presidente da Petrobrás chorou ao agradecer o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em tratamento contra um câncer de laringe. Na primeira fila, parentes já choravam desde o início da fala de Graça, que citou a mãe, a filha e o neto e lembrou detalhes de sua trajetória na empresa, inclusive a roupa que usava no primeiro dia de trabalho.

A presidente da República foi só elogios à presidente da maior empresa do País. "Ela assume um cargo importante por absoluto merecimento após 31 anos de trabalho incansável nesta empresa", disse Dilma, que destacou o "corpo funcional meritocrático" da estatal.

Dilma lembrou suas palavras em 2003, quando era ministra de Minas e Energia e o ex-senador José Eduardo Dutra assumiu a presidência da estatal. "Se a Petrobrás é possível, então o Brasil é possível". Em seguida, fez questão de citar que, em dez anos, o lucro líquido da empresa "foi multiplicado por quatro" e os investimentos em pesquisa "aumentaram 360%".

"A Petrobrás não precisa depender de ninguém para explorar a riqueza do pré-sal (...). Pode fazer parcerias, mas tem autonomia científica e tecnológica para explorar petróleo em águas profundas (...). A Petrobrás será parceira do povo brasileiro na exploração do pré-sal. Tivemos a necessária excelência tecnológica para descobrir e temos competência para explorar", exaltou Dilma.

Mesmo sem o tom ufanista de seu antecessor, Dilma fez muitos elogios ao papel da Petrobrás no mercado internacional. "Estamos falando de uma empresa integrada que se tornou capaz de executar todo o processo produtivo de energia, da exploração e refino à comercialização", discursou. Ela citou investimentos da estatal de US$ 220 bilhões até 2015. e ressaltou a política de prioridade à utilização de produtos nacionais. / L.N.L.