Título: Discurso da nova presidente da estatal indica continuísmo
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2012, Economia, p. B6

Graça não detalhou seus planos de gestão, garantindo que vai dar continuidade ao trabalho do antecessor Gabrielli

A nova presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, chorou no discurso de posse que fez diante de 11 ministros, 8 governadores, senadores, deputados, amigos e executivos do setor de petróleo. O pranto veio ao agradecer à presidente Dilma Rousseff, presente à cerimônia.

"Externo a minha gratidão e devo fidelidade incondicional à presidenta da República, Dilma Rousseff. Agradeço à senhora, presidenta, aos ministros Guido Mantega (Fazenda), Edison Lobão (Minas e Energia) e ao Conselho de Administração da Petrobrás a confiança de entregarem a mim o mais alto posto de uma das principais empresas do mundo", disse Graça, como gosta de ser chamada.

Graça não detalhou planos de gestão. No breve discurso político, destacou que dará continuidade ao trabalho do antecessor, José Sergio Gabrielli. Sem citar o peso da União sobre as ações da estatal, prometeu manter diálogo "de prosperidade junto ao controlador", mas afagou o capital privado ao afirmar que manterá o foco nos resultados dos acionistas minoritários.

Após agradecer a Dilma, Graça fez questão de lembrar que será a primeira mulher no mundo a comandar uma empresa de petróleo do porte da Petrobrás e disse que sua vida se confunde com a da estatal. "Somos quase da mesma idade", afirmou a engenheira química, de 58 anos.

Após 30 anos de empresa, Graça disse reconhecer o crachá como sua identidade, lembrou a passagem por diversas áreas da estatal e o ingresso na companhia jovem, "com calça jeans e camiseta vermelha".

Na plateia, a filha, Flávia - citada no discurso assim como a mãe Terezinha, a neta Priscilla, o marido Colin e o filho, também Colin - chorava.

Despedida. Gabrielli despediu-se com discurso de 52 páginas, em que destacou dez pontos da gestão, como o marco regulatório do pré-sal e a declarada autossuficiência na produção de petróleo. Acrescentou que "só perdemos para nossas próprias metas", ao referir-se ao fato de a Petrobrás vir registrando, nos últimos anos, produção aquém das previstas pela empresa.

Encerrou declamando versos de Gonzaguinha, Paulinho da Viola e Daniela Mercury, como um preâmbulo do futuro político na Bahia, onde assume, depois da quarentena imposta pelo cargo, secretaria no governo do petista Jaques Wagner.

Antes da solenidade, um almoço na presidência da Petrobrás marcou a confraternização do alto escalão da empresa, políticos e empresários.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, deixou rapidamente um compromisso no banco para comparecer. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, também esteve na posse, assim como Eike Batista, do Grupo EBX, e o presidente da Shell, André Araujo, e muitos outros representantes do setor privado.

O mercado recebeu bem as mudanças. No dia do anúncio da troca de Gabrielli por Graça, as ações subiram. Mas ela assume a empresa num momento pouco favorável. Na semana passada, foi divulgado o resultado de 2011, com queda de de 5% no lucro, o que não ocorria há alguns anos. / L.N.L. , S.V. e S.T.

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